O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) foi o entrevistado da live de Istoé na noite da sexta-feira (3). Ex-candidato à presidência da República em 2018, Dias falou sobre o projeto de condenação em segunda instância.

Para ele, “ o fim do foro privilegiado é um salto civilizatório em direção a uma nova Justiça”. No bate-papo, ele, que tem um das carreiras mais bem sucedidas da política brasileira, com mais de 40 anos de atividade na vida pública, falou sobre um de seus projetos que tramitam no Congresso Nacional.

Líder do partido “Podemos” no Senado, ele é um observador atento do cenário político nacional. “Estamos vivendo um ciclone político no Brasil”.

Dias começou a carreira como vereador da cidade paranaense de Londrina, deputado federal e governador do Paraná e candidato a presidente da República em 2018. Senador combativo que luta pela defesa do estado de direito da democracia.

Para ele, “o foro privilegiado é uma excrescência. Uma contradição, já que o artigo quinto da constituição diz que somos todos iguais perante a lei e depois um dispositivo coloca alguns acima dos outros num pedestal. Mais de 55.000 autoridades no país são protegidas por esse manto de impunidade.  O Supremo Tribunal Federal não é aparelhado para processos criminais.  Com 11 ministros, é impossível dar conta de tanta demanda”.

Dias criticou a morosidade das votações no Senado. “O projeto está pronto na mesa da câmara dos deputados e não é colocado na ordem do dia há mais de 500 dias”, reclamou.

Quando a pauta trata sobre a análise que o senador faz das investigações do clã Bolsonaro, o senador disse: “Tenho evitado esse confronto. Estamos priorizando o enfrentamento da crise sanitária e da crise econômica para evitar conturbar ainda mais esse ambiente e jogar lenha na fogueira e criar mais problemas, mais dificuldades, porque o desemprego está crescendo de forma extraordinária, as famílias estão ficando cada vez mais endividadas com 67% delas com dívidas e sem qualquer sensibilidade por parte do sistema financeiro, que continua cobrando taxas de juros exorbitantes”, afirma.

Sobre Bolsonaro as mudanças de comportamento do presidente da República nos últimos dias, o senador disse: “Espero que seja um marco definitivo nessa trajetória do presidente da república porque ele vinha buscando o protagonismo a qualquer preço, mesmo em momentos tragédia. Essa atitude não é o que se recomenda para quem preside o país. Não é que nós desejamos. Espera-se um presidente equilibrado com maturidade política suficiente para gerir crises administrar os opostos”. 

Na entrevista, Alvaro Dias avaliou a eleição de Bolsonaro. “Eu creio que o que aconteceu de pior para o País foi realmente a polarização. Uma dicotomia entre a esquerda contra a extrema-direita e vice-versa. Ou seja, um confronto direto entre os extremos.  Nós que nos posicionamos mais ao centro fomos golfados nessa disputa desde a campanha eleitoral e isso prosseguiu até hoje. Acho fundamental acabar com essa dicotomia e abrir esse espectro ideológico para que as várias correntes de pensamento político possam ter espaço e participar do debate nacional”, afirma. “O erro na eleição de 2018 foi a ideia era derrotar e sepultar o PT a qualquer preço, mas não se pensou em construir o futuro”, avalia.

Sobre um eventual golpe, ele disse: “Não vejo nenhum risco de retrocesso democrático, mas é preciso combater aqueles que ameaçam as instituições democráticas. Não há nenhuma condição interna e muito menos externa para um retrocesso. Mas de qualquer forma é um dever do democrata combater atos antidemocráticos. O caminho da democracia é o único que nos leva a paz e ao progresso, ao desenvolvimento e ao exercício pleno da cidadania”.