O confronto entre Fluminense e Flamengo move paixões com quem conviveu com os dois lados desta rivalidade. Convidado do “De Casa Com o LANCE!” desta quarta-feira, o ex-ponta Zé Roberto Padilha foi categórico ao falar sobre o que espera do clássico que vale o título da Taça Rio (e, em caso de triunfo rubro-negro, leva a taça do Carioca para a Gávea).

– O Fla-Flu é o que resta de charme do futebol. Você vê a história do Fla-Flu contada por Nelson Rodrigues e é uma história sem favorito. Ai daquele que ousa dizer pela estatística ou pela superioridade atual do Flamengo que um vai ficar melhor do que o outro – afirmou.

O ex-ponta enalteceu o poderio rubro-negro, mas alertou para não subestimar os tricolores:

– O Flamengo resolveu as dívidas conseguiu montar um time admirável, assim como aconteceu com o São Paulo, o Palmeiras. É um time para você acompanhar e curtir um time bom de bola. Porém, hoje o equilíbrio existe pela tradição. O Fluminense tem raça, camisa pesada, é um time vencedor.

A possibilidade de Zé Roberto Padilha atuar nos dois clubes aconteceu graças a uma iniciativa do então presidente do Fluminense, Francisco Horta. Antes do Campeonato Carioca de 1976, o dirigente “sacudiu” o mercado ao promover uma série de trocas de atletas. Zé Roberto foi para a Gávea ao lado do lateral Toninho Baiano e do goleiro Roberto, enquanto o centroavante Doval, o lateral Rodrigues Neto e o goleiro Renato foram para as Laranjeiras.

A situação causou inicialmente um incômodo no então ponta-esquerda.

– Lutei tanto para ser titular no Fluminense, foram oito anos. Cheguei a liderar a Bola de Prata e fui pré-convocado pelo técnico Oswaldo Brandão para a Seleção Brasileira. E logo depois de disputar a semifinal do Brasileiro de 1975, diante do Internacional (vencida pelo Colorado por 2 a 0), o Francisco Horta se reuniu com o presidente do Flamengo, Hélio Maurício, e promoveu as trocas sem nos consultar – afirmou.

Padilha falou que uma notícia rendeu polêmica no seu início na Gávea.

– O “Jornal do Brasil” colocou “Zé Roberto cria problema e não quer ir para o Flamengo”. Isso foi muito ruim para mim. Era uma coisa diferente na época. Fui recebido com algumas ressalvas e, no Flamengo, a cobrança é diferente. Mas lá eu consegui meu espaço aos poucos, em especial depois que eu comecei a entender a genialidade do Zico – declarou.

Seu primeiro jogo pelo Rubro-Negro aconteceu em um Fla-Flu, marcado na história como o “Fla-Flu das trocas”. Os flamenguistas venceram por 4 a 1, mas renderam uma situação inusitada para Zé Roberto.

– Eu jogava no Maracanã desde o juvenil, quando fazia as preliminares. Passei quase oito anos correndo para a torcida do Fluminense e tinha três meses do Flamengo. Aí o Flamengo marcou, eu fui para o outro lado, enquanto Zico e Andrade iam para o outro. No meio do caminho eu senti o vexame. Levei pó-de-arroz na cabeça, dois jornalistas me chamaram atenção, disseram que não devia provocar, mas foi porque eu esqueci mesmo! – declarou.

Zé Roberto Padilha apontou a diferença entre as torcidas.

– Olha, no Fluminense eu senti mais razão do que emoção. Já Flamengo é Flamengo, é amor desmedido. Quando o Flamengo é campeão, a carreata toma conta da cidade toda. É algo que nos últimos anos em especial, chamou atenção. É paixão para ser estudada! Os tricolores são mais comedidos – disse.