A guerra mais longa que os EUA já lutaram, a do Afeganistão, tem data para acabar: 11 de setembro de 2021. A data foi escolhida a dedo por Joe Biden. Marcará o aniversário de 20 anos do atentado às Torres Gêmeas em Nova York, desfechado pela rede terrorista Al-Qaeda, que era protegida pelo grupo fundamentalista Taleban. Esse marco, no entanto, deixa um gosto amargo na nação mais poderosa do planeta. Não significa que a paz voltará ao Afeganistão — o Taleban permanece forte no país, com presença em pelo menos 70% do território.

O custo do confronto
US$ 1 trilhão

Segundo a Brown University de Boston, este foi o gasto americano entre 2001 e 2019 no Afeganistão

A retirada dos 2,5 mil soldados americanos e outros 7 mil da Otan que estão no Afeganistão deveria ser concluída em maio, segundo um acordo que o ex-presidente Donald Trump acertou com o próprio Taleban em 2020. Biden adiou a retirada para setembro, permitindo que os membros da aliança militar se organizassem melhor. “A solução de Biden para acabar com a guerra foi intermediária. Ele cumpriu o acordo de Trump, mas fixou um prazo maior. Uma questão não resolvida é como ficará a ajuda humanitária ao Afeganistão”, diz Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM. Ela destaca que a retirada da Otan aumentará a instabilidade no Afeganistão. Com a saída dos ocidentais, Turquia, China e Índia podem disputar a supremacia no Afeganistão. Além disso, existe o risco de o Taleban voltar ao poder.

A guerra de 20 anos no Afeganistão custou quase US$ 1 trilhão, de acordo com um estudo feito pela Brown University de Boston, em 2019. Mais de 2,8 mil soldados americanos foram mortos e o número de feridos superou 20 mil. Já o número de civis afegãos mortos foi de 31,5 mil, apenas entre 2009 e 2021. Um custo humano que, como em todas as guerras, supera os materiais. Pior: a campanha falhou em restaurar a influência americana na região.