No trem fantasma que é o governo do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil tornou-se um passageiro a superar solavancos e sustos de assombrações nas tentativas de golpes à democracia, tentativas essas surgidas a cada curva. O problema é grave porque não se trata de parque de diversões, mas da realidade.

Chegou-se ao tão temido Sete de Setembro e, até o momento em que esse artigo está sendo escrito, mais uma curva vai ficando para o oblívio de cada cidadão brasileiro que preza o Estado de Direito e zela por ele. No âmbito da sociedade em geral, já aí não cairá no esquecimento histórico e nem deve cair, porque somente evita-se futuros Bolsonaro lembrando-se de Bolsonaro, assim como evitaremos outra ditadura militar se não esquecermos a ditadura militar. É um método quiçá perverso, mas bastante didático, de se preservar a democracia. A memória salvaguarda a liberdade.

O trem fantasma segue agora para a próxima curva, a das eleições. Da data de hoje, na qual se comemora o Bicentenário da Proclamação da Independência, Bolsonaro se apossou com antipatrióticas intenções. Leia-se, golpe. Foi o auge do patrimonialismo, porque ele apropriou-se daquilo que podemos definir, enquanto fenômeno social, como imaginário público e popular. Para as datas das eleições, da diplomação e da posse do futuro presidente, caso ele perca no sufrágio como deverá ocorrer, Bolsonaro ameaça agir à força, no padrão de seu ídolo, o igualmente autocrata Donald Trump.

Assim como o Sete de Setembro está superando a estupidez golpista, também as eleições superarão essa mesma estupidez golpista. E a maioria da população optará, nas urnas eletrônicas, pelo voto em candidatos que assegurem as garantias fundamentais e a paz. A estupidez será vencida pela prática constitucionalmente zelosa do TSE. O trem fantasma acelerará, então, até o final dos trilhos. Chegará o fim da linha. Estação ostracismo para Bolsonaro e seus pândegos.

Falou-se sobre trem fantasma. E, assim, registramos que o Sete de Setembro, raptado por governante antidemocrático, será sempre do povo. Falou-se em parque de diversões. Ao ditador, a pipoca e o picolé.