A Justiça do Distrito Federal determinou que a Secretaria de Esportes e Lazer do Distrito Federal derrube o sigilo imposto em relação às reuniões mantidas com a presença de Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do presidente Jair Bolsonaro. A ação iniciada pelo servidor Marivaldo Pereira procura mudar a decisão da secretaria, que se negou a prestar qualquer informação sobre a temática das reuniões que manteve com Jair Renan em sua localidade, desde 2019. A pasta também impôs sigilo sobre os registros de entrada e saída de Renan no prédio e as identidades dos participantes das reuniões.

A ação defende que as informações sejam divulgadas ao público, pois Jair Renan poderia estar utilizando de sua posição de filho do presidente para favorecer interesses particulares de sua empresa, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, a qual inclusive chegou a ser investigada pela Policia Federal. O processo movido pelo escritório Hernandez Lerner e Miranda também busca saber se Renan foi aos encontros na companhia do assessor especial da Presidência Joel Novaes da Fonseca.

A sede da empresa, no estádio Mané Guarrincha, teria sido adquirida junto á Secretaria de Esportes “a preço camarada”, de acordo com o juiz Daniel Carnacchioni. A empresa, criada há cerca de dois anos com capital de R$ 105 mil, tem como único sócio Jair Renan Bolsonaro. É especializada em promoção, organização e criação de conteúdo publicitário para feiras, congressos, exposições, festas e eventos esportivos.

Durante o processo, a secretaria justificou que não poderia prestar informações, pois Jair Renan não seria figura pública. Disse também que “a divulgação de informações a ele relativas poderiam colocar em risco a segurança do Estado e a do próprio presidente da República’’, afirmaram os advogados na ação.

Jair Renan já foi investigado pela Policia Federal em março de 2021, quando a PF abriu um inquérito para apurar possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro que envolviam o filho do presidente e um grupo empresarial do setor de mineração.

O filho do presidente também teria recebido, em setembro de 2020, um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil de representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, e cerca de um mês depois da doação, a empresa conseguiu uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, a qual Jair Renan também teria participado. Em julho, Marinho comentou sobre o assunto em uma audiência na Câmara dos Deputados. Ele afirmou que “foi solicitada pelo gabinete do presidente, e essa reunião discorreu sobre o tema de inovação tecnológica no programa habitacional” e que não ocorreu “nenhum tipo de constrangimento”, porque Jair Renan “entrou mudo e saiu calado”.

Em outubro de 2020, uma produtora de conteúdo digital realizou gratuitamente a cobertura com fotos e vídeos da festa de inauguração da empresa do 04, Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, mesma empresa que recebeu do governo federal R$ 1,4 milhão naquele ano.

Outra situação polêmica envolvendo o 04 foi em agosto do ano passado, quando Renan se mudou com a sua mãe, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, para uma casa no Lago Sul de Brasília avaliada em R$ 3,2 milhões.