Ao se lançar candidato a presidente, Luciano Bivar, do União Brasil (UB), não chegou a mexer no posicionamento dos principais players da corrida presidencial, que tem Lula e Bolsonaro praticamente garantidos no segundo turno, mas está sinalizando que o próximo presidente dependerá dele para se eleger e, mais do que isso, para governar. Com uma tacada de mestre, ele desarticulou parte importante da terceira via. Ao tirar Sergio Moro do Podemos, levando-o para o UB, obrigando o ex-juiz a desistir da candidatura presidencial para confiná-lo à eleição para deputado ou senador por São Paulo, Bivar tirou de combate alguém que estava com 8% ou 9% e era um dos que poderiam tirar votos tanto de Bolsonaro como de Lula. Na verdade, tiraria mais de Bolsonaro, que lhe é grato.

Moro

Sem Moro na disputa, a terceira via começou a ruir. Hoje, o ex-juiz está sendo incentivado a ser candidato ao Senado por São Paulo, na chapa do governador Rodrigo Garcia que, no entanto, quer fechar com Márcio França. Nesse caso, restaria ao ex-juiz ser candidato a deputado federal. Sua mulher, Rosângela, pode ser candidata a vice de Bivar.

Líder

Bivar espera fazer mais de 60 deputados federais (hoje tem 54) e assim continuar sendo o partido de maior peso na Câmara (atualmente o UB é o mais rico, com quase R$ 1 bilhão para gastar nestas eleições). Nesse contexto, ele seria o principal líder no Congresso, com relevância para negociar posições estratégicas no governo de Lula ou de Bolsonaro.

De volta ao jogo?

Vanessa Carvalho

João Doria retornou ao Brasil depois de dez dias descansando nos EUA. Parte desse período dedicou às articulações sobre seu futuro político e empresarial. Recebeu, inclusive, ligações de líderes de partidos convidando-o para deixar o PSDB. O ex-governador pode até retomar a candidatura presidencial. Detalhes do que fará ele dará nesta segunda-feira, às 9h, em café da manhã com jornalistas.

Retrato falado

“Aqueles que se utilizarem de fake news terão seus registros indeferidos e seus mandatos cassados” (Crédito: Pedro Ladeira)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, não está blefando. A três meses de tomar posse na presidência do TSE, ele se sentiu bastante desconfortável com a decisão do ministro Nunes Marques que suspendeu a cassação dos mandatos de dois deputados que apoiam Bolsonaro, como foi o caso de Fernando Francischini, que havia feito acusações falsas ao sistema eleitoral de 2018. Moraes disse que “não vai admitir que milícias digitais tentem capturar a vontade popular”.

Toma lá dá cá

Lincoln Portela, vice-presidente da Câmara e líder da bancada evangélica (Crédito:Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Lira diz que o governo deve apoiar o PL dos jogos de azar no Senado. Há jogo duplo de Bolsonaro com a bancada evangélica?
Não ouvi nenhuma tratativa do presidente em relação aos jogos no Senado. Não acredito que Bolsonaro faça jogo duplo.

É hora de deixar para trás os questionamentos ao sistema eleitoral?
É democrático duvidar ou não de algo. O presidente tem o livre direito de se expressar sobre a questão das urnas. Faz parte do processo republicano.

Crê em uma aliança entre Romeu Zema e Bolsonaro?
O Novo tem um candidato à Presidência e o partido é bem coeso em relação a isso. Penso que será difícil Zema dar apoio explícito a Bolsonaro no primeiro turno. Caso ocorra o segundo turno, estarão juntos.

Sem comemoração

Apesar de o Produto Interno Bruto ter crescido 1% no primeiro trimestre, as notícias sobre a economia brasileira
não são nada animadoras para o resto do ano. A começar pela inflação, que está acima de 12%, e os juros, que estão nas alturas. Esses fatores, aliados aos preços elevados do petróleo por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, devem inibir o crescimento nos próximos trimestres. O que tem segurado um pouco a economia é o aumento da procura por serviços (bares e restaurantes), porque agropecuária, menina dos olhos, está em queda. Portanto, é bem provável que o Brasil feche o ano com crescimento bem próximo de zero. Fala-se em recessão mundial.

Recuperação lenta

Um dos setores que andam de lado é a indústria. Em abril, a produção teve uma insignificante alta de 0,1% em relação a março, insuficiente para recuperar as perdas da pandemia. O ritmo já dura três meses seguidos, o que significa que as empresas começam a retomar suas linhas de montagem aos poucos.

Ave, Cesar!

O vereador Cesar Maia virou a noiva da vez a ser cobiçada para ser o candidato a vice de vários postulantes ao cargo de governador do Rio de Janeiro. O primeiro a lhe assediar foi o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo, que deseja ter o ex-prefeito carioca em sua chapa. Ele até admite se compor com o socialista Freixo.

Ricardo Borges

Um gestor preparado

Outro que não esconde querer ter Cesar Maia em sua chapa é o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, que pretende disputar o governo fluminense pelo PSD, de Kassab, com o apoio do prefeito Eduardo Paes. Cesar, que foi um dos melhores prefeitos do Rio, tem deixado as negociações com seu filho, o deputado Rodrigo Maia.

Rodrigo do pandeiro

Governo do Estado de São Paulo

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) não para nem no final de semana. No sábado, 4, visitou Paraisópolis, acompanhado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Entusiasmado com uma roda de samba formada na comunidade, não se fez de rogado: cantou e tocou pandeiro com os moradores. De quebra, destinou R$ 13,2 milhões para a recuperação de 880 domicílios em situação inadequada.

Rápidas

* Mesmo tendo o senador Flávio como o coordenador da campanha do pai, o filho 02 do presidente, o vereador Carlos, criticou o publicitário Duda Lima, que fez as inserções do PL na TV: “Dane-se esse papo de profissionais de marketing… Meu Deus”. Batendo cabeça.

* O economista Pérsio Arida, um dos pais do Real, foi sondado por Aloizio Mercadante para formar a equipe econômica de Lula. Em 1994, Lula e Mercadante fizeram oposição ferrenha contra o sucesso da nova moeda.

* Sinal dos tempos. Geraldo Alckmin, vice de Lula, foi convidado para a inauguração de uma fábrica de laticínios do MST. Quando era governador vivia às turras com a entidade. “Invadiu, vai ter que desinvadir”, dizia Alckmin.

* O PT começa a discutir as diretrizes da política econômica. Pensa em reformular o teto de gastos para permitir a ampliação do novo Bolsa Família. Mais gastos seriam compensados pela taxação das grandes fortunas.