Janja da Silva é o inverso de Mariza Letícia da Silva, falecida em 2018, e que durante os dois primeiros mandatos de Lula foi discreta, se recusava a falar com os jornalistas e não se imiscuía nos assuntos do governo. Ficou marcada por ter feito um canteiro com rosas vermelhas, em formato da estrela do PT, nos jardins do Alvorada. Janja não. É ativista política, militante petista e participa ativamente da gestão governamental, dá palpites e discute programas de governo. E, agora se sabe pelo próprio mandatário, que orienta o presidente, diz quando ele faz coisas erradas, chama-lhe a atenção e tem influência cada vez maior na Esplanada dos Ministérios. Em entrevista à uma rádio de Salvador, na semana passada, Lula disse: “Janja é uma espécie de farol, que me guia”.

Gabinete

Janja é tão dinâmica no governo que já reivindicou um gabinete próprio no Palácio do Planalto. Lula resiste. Afinal, ela não pode ter cargo no governo. Mas, ela insiste. “A primeira-dama dos EUA tem um”, explica. Isso não a impede de despachar com auxiliares do presidente. Não perde uma agenda oficial. “Ela vive política 24h por dia”, diz Lula.

Chineses

Na terça-feira, 23, Janja acompanhou Lula e Rui Costa (Casa Civil), em visita da direção da BYD ao Palácio da Alvorada, O presidente da empresa, Tyler Li, junto com Alexandre Baldy, conselheiro da montadora, entregaram ao governo um SUV elétrico TAN, no valor de R$ 500 mil, para que a primeira-dama o dirija por um ano para testes.

A ver navios

O farol de Lula
(Charles Sholl)

Aloízio Mercadante (BNDES) apresenta um programa de estímulos à fabricação de navios, com incentivos à descarbonização da frota marítima, usando combustíveis como etanol e biocombustíveis. Diz que o BNDES vai dobrar em 2024 os recursos ao setor para R$ 2 bilhões. Basta ver se não vamos repetir os erros dos primeiros governos petistas quando, estimulados por Lula, os três principais estaleiros quebraram.

Rápidas

 O ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) diz que o governo estuda um fundo para socorrer as empresas aéreas no valor de R$ 6 bilhões. Elas sempre tiveram mamatas do governo e nem por isso os preços das passagens são competitivos com as estrangeiras.

Levantamento da ApexBrasil mostra que os investimentos estrangeiros no País cresceram 68% no ano passado, com aplicações de R$ 42 bilhões no território nacional, que geraram 83 mil novos postos de trabalho. Nada mal.

• Ao contrário da Ford, que decidiu deixar o Brasil, a GM anunciou investimentos de R$ 7 bilhões no País. O plano, apresentado a Lula, afasta o receio de que ela também deixasse o Brasil: demitiu 1,2 empregados no final de 2023.

• Lula quer mesmo ficar em paz com as Forças Armadas. Ao cortar os R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão para ministérios do Centrão, como Turismo e Esportes, o presidente não mexeu em recursos para unidades militares.

Sinal vermelho

A agricultura brasileira não vive um bom momento. Apesar do agronegócio ser o setor que vinha puxando o crescimento do PIB nos últimos anos, em 2024 a situação não é nada confortável. A maioria dos produtores vem colhendo safras menores este ano, sobretudo a de soja, que começa agora. E a queda nos preços internacionais das commodities também está contribuindo para um cenário de “crise iminente”, como explica o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que já relatou o problema a Lula e que deve se reunir com Haddad para discutir medidas de auxilio aos agricultores. O ministro acha necessária a criação de novas linhas de crédito para socorrer a classe.

Inadimplência

O ministro acredita que somente com a adoção de medidas preventivas é que o governo pode evitar que os agricultores sejam atingidos por efeitos colaterais, como inadimplência, falta de acesso a créditos novos e aumento das dívidas. As medidas precisar ser tomadas até março, defende Carlos Fávaro.

Retrato falado

O farol de Lula
(Mauro Pimentel)

O vice-presidente Geraldo Alckmin disse, em entrevista ao “Valor”, que o programa anunciado segunda-feira, 22, para permitir a reindustrialização do País, com a liberação de recursos da ordem de R$ 300 bilhões, não terá custos fiscais além dos já previstos no Orçamento e que o governo não fará aportes no BNDES. “O foco não é esse. O BNDES não vai distribuir dinheiro subsidiado”, disse Alckmin. O programa foi criticado pelo mercado, que teme benefícios a setores específicos.

A derrota de Lula

Lula teve uma derrota acachapante ao tentar impor o nome de Guido Mantega (foto abaixo) no comando da Vale. Esqueceu-se que a empresa é privada e que o governo não manda mais lá. O atual presidente Eduardo Bartolomeu deve ser reconduzido. Lula, portanto, desgastou-se ao pedir que Alexandre Silveira pressionasse os conselheiros para pôr o amigo na presidência.

O farol de Lula
(Ueslei Marcelino)

Cancelado

O ex-ministro virou um economista rejeitado desde que contribuiu para o governo Dilma perpetrar a maior recessão da história e tê-la induzido a dar as pedaladas do impeachment. Antes da Vale, Lula quis colocar Mantega na transição para galgar cargos na equipe econômica, e não deu certo. Depois, tentou indicá-lo para o BID e também foi em vão.

Lances populistas

O farol de Lula
(Willian Moreira)

A campanha para a prefeitura de SP promete ser divertida. Nesta semana, Ricardo Nunes disse que ficou chateado com a saída de Marta Suplicy da prefeitura e que sua mulher até chorou. Já o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, foi comer o popular sanduíche de mortadela no Mercadão, enquanto a socialista Tabata Amaral lançou a candidatura na laje de sua casa na Zona Sul.

Toma lá dá cá: deputada Tabata Amaral

O farol de Lula
Tabata Amaral, deputada federal (PSB-SP) (Crédito:Divulgação)

Como autora do projeto de lei que criou a poupança para que os alunos do ensino médio não deixem a escola, acha que ele acabará com a evasão escolar?
Apresentei esse projeto há três anos para resolver a evasão escolar, que piorou muito com a pandemia.

Quantos jovens serão beneficiados?
Em torno de 2,5 milhões de estudantes terão acesso a recursos de R$ 200 por mês. Além disso, cada aluno que terminar o ensino médio receberá R$ 1 mil, que serão depositados em poupança para serem sacados ao final da formatura.

Haverá recursos suficientes para atender o programa?
Foi criado um fundo e já temos R$ 20 milhões destinados ao programa. Temos a garantia de que haverá recursos pelos próximos três anos.