Em meio aos enormes monumentos do Antigo Egito, um homem se erguia acima dos demais. Qualquer outro faraó diria o mesmo figurativamente, mas Sa-Nakht (que viveu no século 27 a.C.) era o único que poderia aplicar a proposição no sentido literal. Isso porque ele era realmente um gigante, de acordo com um estudo publicado na edição de agosto da publicação científica Lancet. “A descoberta é importante porque ele pode ter sido o primeiro gigante da história”, disse à ISTOÉ o pesquisador responsável pelo achado, Michael Habicht, da Universidade de Zurique. “Nós conseguimos demonstrar esse fato comparando o esqueleto com a altura média das pessoas no Antigo Egito.”

O faraó sofria de gigantismo — crescimento acima de normal que hoje resulta em pessoas de 2,13 a 2,75 metros — além de, possivelmente, acromegalia, superprodução hormonal que causa aumento de mãos, pés, testa e mandíbula. Pelos padrões modernos, Sa-Nakht pode até não impressionar (ele media 1,87 metro), mas, na época, era o bastante para provocar espanto semelhante ao que atualmente despertam os mais altos jogadores de basquete. O segundo maior faraó de que se tem notícia é Ramsés II, de 1,73 metro. O restante da população era ainda menor, com a média masculina de 1,69 metro. Em comparação, a dos Estados Unidos hoje é de 1,76 metro.

PRESERVADO – Imagens do crânio: bem maior que o padrão de sua época

Reinado curto

Pouco se conhece sobre a vida do faraó gigante. Sabe-se que ele foi enterrado com honras numa tumba reservada à realeza, o que sugere que suas proporções não fizeram com que fosse marginalizado. Seu governo foi provavelmente curto, e seus restos mortais encontrados em 1901. Mesmo na época, o tamanho impressionou. Porém, a atual equipe de cientistas chegou ao diagnóstico de gigantismo reanalisando os fragmentos com técnicas indisponíveis na época. Os próximos passos da pesquisa focarão não no homem, mas na doença: “vamos conduzir uma investigação em larga escala sobre a antiguidade e a evolução do gigantismo, combinando várias fontes, da literatura à genética”, afirma Habicht. RM