O ministro da Justiça, Sergio Moro, transformou-se numa pedra no sapato dos políticos tradicionais que estão de olho em 2022, especialmente Lula e Bolsonaro. Lula está denunciando-o na ONU, afirmando que ele o condenou para ser candidato a presidente. Bolsonaro não pode demiti-lo em razão de sua popularidade. Tentou enfraquecê-lo, ameaçando dividir o ministério em dois, mas a reação da sociedade o fez voltar atrás. Prometeu indicá-lo para o STF e depois negou que o tivesse feito. Agora, diante da ameaça de uma hipotética candidatura do ministro a presidente, voltou a avaliar que é melhor tê-lo no STF, pois assim tira-o definitivamente do páreo. Afinal, um ministro do Supremo fica no cargo até os 75 anos e Moro só tem 47: emprego garantido por mais 28 anos.

Manobra

Raposas do Congresso, no entanto, temem que a indicação de Moro para o STF não seja suficiente para afastá-lo da disputa em 2022. Ele poderia muito bem ir para o STF em novembro, na vaga de Celso de Mello, e deixar o tribunal para disputar a presidência dois anos depois. E é aí que entra uma manobra que está sendo articulada na Câmara.

Quarentena

O deputado José Nelto, líder do Podemos, afirma que parlamentares desejam apresentar uma lei estabelecendo quarentena de seis anos para juízes e membros do MP disputarem cargos eletivos depois que deixam a magistratura. O objetivo é barrar a candidatura de Moro. “Querem banir da vida pública os bons e deixar os maus”, diz.

03 no paredão

Divulgação

Com a reabertura do Legislativo esta semana, a Comissão de Ética da Câmara retoma o andamento dos 12 processos disciplinares contra deputados acusados de cometer faltas graves no exercício do cargo. Um deles é Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente. Ele pode perder o mandato por ter defendido a volta do AI-5. O deputado Igor Timo (Podemos-MG) vai apresentar seu relatório na quarta-feira 12.

Retrato falado

“Fica tudo igual, não mudou nada” (Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil)

Depois da intensa fritura e de reunião com Bolsonaro no sábado 1, Onyx Lorenzoni escapou da degola. Mas vai continuar trôpego na Casa Civil. Ele já havia perdido a articulação política, os assuntos jurídicos e o PPI. Agora, perdeu mais que isso: a autonomia, depois que o presidente demitiu seus assessores sem consultá-lo. O ministro só se salvou porque, antes de interromper o passeio à Disneylândia, visitou Olavo de Carvalho, mentor do presidente. Nada mudou mesmo.

Indecisão

Bolsonaro vem dizendo aos assessores mais próximos que precisa fazer uma reforma ministerial para fortalecer sua posição no Congresso, tendo em vista as reformas que serão tocadas este ano, como a tributária e administrativa. Ele quer abrir espaço para parlamentares em seu ministério. Mas, sempre que a imprensa vaza a informação sobre mudanças, ele, de pirraça, não as faz. Desta vez, era dada como certa a saída de Onyx Lorenzoni, que poderia deixar a Casa Civil e voltar para o Congresso como líder, ou assumir a Educação, com a ida de Abraham Weintraub para a Casa Civil. Não fez nem uma coisa e nem outra. O ex-deputado Alberto Fraga também pede passagem.

Na corda bamba

Outros ministros continuam na corda bamba, como Álvaro Antonio (Turismo), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Osmar Terra (Cidadania) e Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional). Já Bento Albuquerque (Minas e Energia) também pode deixar o ministério em breve para assumir uma vaga no Superior Tribunal Militar.

Toma lá dá cá

Kátia Abreu, senadora (Crédito:Geraldo Magela)

Paulo Guedes disse que são os pobres que destroem a Amazônia. A senhora concorda?
Os pequenos produtores contam apenas com a força natural do solo e sua força de trabalho. Quando acaba essa fertilidade, eles têm que desmatar outro pedaço pra plantar e alimentar sua família.

A senhora acha que a agricultura brasileira precisa se expandir na Amazônia?
Não é necessário mais desmatamento. Temos área aberta suficiente para continuar plantando e, com tecnologia, ampliarmos essa produção.

Há riscos de os países desenvolvidos boicotarem nossos produtos como represália à destruição ambiental?
A questão ambiental tornou-se uma bandeira da humanidade. O consumidor tem o direito de fazer suas exigências.

 

Dançando na chuva
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, foi alvo de duras críticas por ter saído de férias em meio ao caos que as chuvas provocaram na cidade que ele administra. Kalil viajou para a Argentina e divertia-se em cassinos de Buenos Aires, enquanto o temporal deixava pelo menos 13 mortos na capital mineira. Ele teve que voltar rapidinho.

Rodrigo Clemente/PBH

“Foi um furacão”

De volta a BH, Kalil trocou o tango pelos lamentos dos moradores da cidade, que reclamam do despreparo da prefeitura para resolver os problemas das enchentes na cidade. Candidato à reeleição, ele tentou se desculpar: “O que aconteceu aqui foi um furacão. Essa água veio do céu, não foi incompetência administrativa”. Não é o que parece.

Revoada no ninho

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O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ameaça deixar o ninho tucano. Ele confirma ter recebido vários convites para mudar de sigla, inclusive do PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab. Garante, porém, que nada definiu sobre o futuro. Outro senador que está desconfortável no partido é Tasso Jereissati (PSDB-CE).