PANDEMIA 2020 

Jair Bolsonaro, que bom seria se fosse nada mesmo, porque ele é um estorvo. É uma pedra no meio do caminho em momentos delicados como esse que a sociedade brasileira atravessa e no qual a salvação da saúde pública deve ser prevalente se cotejada com quaisquer outros interesses. Os líderes acima apontados, além de competentes em suas áreas de atuação, transmitem serenidade e firmeza de atitudes à população: tomam importantes providências, explicam protocolos e fornecem informações — três armas vitais para se combater qualquer pandemia. Já Bolsonaro segue em sua toada provocativa que tem olhos abertos, exclusivamente, para a disputa de poder. Não é sem motivo, portanto, que Toffoli preferiu convidar Mandetta e não o presidente para a reunião que teve com Maia e Alcolumbre, na qual se debateram projetos e esforços no combate à pandemia.

Coronavírus não manda whatsapp

Uma vez estorvo, sempre estorvo, e o mandatário não consegue pensar republicanamente nem em questões que envolvem a saúde da população. Talvez não se importe nem mesmo com os seus ministros e “acepipes” que estão com o nariz escorrendo, tosse seca, febre e dores de garganta e cabeça. Enquanto, justificadamente, a população vive amedrontada e troca compulsoriamente o espaço público por suas casas, não por opção de descanso mas, isso sim, por medo de um inimigo impalpável que está no ar, o presidente, de máscara ou não, surge como alguém que não transmite confiança, nem serenidade, nem prudência — justamente tudo aquilo que os líderes do Brasil, aqui nomeados, estão conseguindo passar para o já tão sofrido povo brasileiro. Dono de uma personalidade projetiva, Bolsonaro joga a culpa de sua inércia e inadequação sobre os demais poderes, em uma tática bastante praticada por aqueles governantes eleitos democraticamente mas que sonham em virar a mesa da democracia. Tomam café da manhã e jantam pensando em mecanismos de exceção.

O presidente tanto fez, ou, melhor, ele tanto não fez, que agora, em meio ao ataque da Covid-19, as reformas que eram tão urgentes terão mesmo de esperar. Bolsonaro, a rigor, nunca as quis e nem por elas se empenhou — se saiu a reforma da Previdência, deve-se à condução do Parlamento. E nada impede que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seguindo a regra de que política saudável envolve necessariamente articulações parlamentares, consiga aprovar a autonomia da instituição que comanda. Sem o capitão por perto, é claro. Naturalmente foi ocorrendo o isolamento de Bolsonaro e também naturalmente surgiram lideranças que tomaram as rédeas da condução do Brasil em dias tão amargos. Eis três frases exemplares em meio à crise: “a nossa prioridade absoluta é salvar vidas, mas também preservar a economia”. Leva ela a assinatura do governador de São Paulo, João Doria. “Temos de estar preparados para uma crise de pelo menos seis meses”, declarou Wilson Witzel, que governa o Rio de Janeiro. “As medidas não afetarão a prestação de serviços essenciais”, preocupa-se Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Todos estão sendo enérgicos na restrição do contato entre as pessoas, único remédio contra a Covid-19. Bolsonaro, adepto do neopopulismo, imaginou reinar nessa crise de celular na mão. Pena que o coronavírus não o avisou, pelo Whatsapp, que viria nos atacar.

Divulgação

 

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