SÃO PAULO, 2 DEZ (ANSA) – Por Renan Tanandone – Ainda falta mais de um ano para as Olimpíadas de Inverno de 2026, em Milão e Cortina d’Ampezzo, na Itália, mas o Brasil já acalenta o sonho de conquistar sua primeira medalha na história da competição.   

E a esperança tem nome: o brasileiro-norueguês Lucas Braathen, de 24 anos, que surpreendeu os fãs com uma aposentadoria precoce na véspera da abertura da Copa do Mundo de esqui alpino de 2023, mas que voltou atrás em sua decisão e teve um retorno de gala ao conquistar um resultado histórico para o Brasil no Mundial de Solden, na Áustria, em outubro passado.   

Natural de Oslo, Braathen, campeão da temporada 2022/23 no slalom com a Noruega, voltou a competir motivado pelo desafio de defender um país onde os esportes na neve são pouco difundidos, mas que é o lugar de origem da sua família materna.   

Logo no primeiro torneio defendendo a seleção verde-amarela, Braathen garantiu um inédito quarto lugar no slalom gigante, apenas nove décimos atrás do campeão, o norueguês Alexander Steen Olsen, resultado que deu esperanças ao Brasil de conquistar a primeira medalha do país nos Jogos de Inverno.   

“Parece que minha vida pode fechar um ciclo. O Brasil é onde conheci meu amor por esportes – jogando futebol nas ruas de São Paulo com minha família, amigos e vizinhos. Agora tenho a chance de levar a bandeira brasileira ao topo do pódio em um esporte onde eles ainda não foram representados”, diz o atleta em entrevista à ANSA.   

“Sinto que esta oportunidade representa meu maior objetivo, que é inspirar e encorajar as pessoas a ousar seguir seus sonhos, não importa de onde sejam ou sua aparência”, ressalta Braathen, acrescentando que sente “orgulho” por defender as cores brasileiras.   

A troca de país implicou algumas mudanças na carreira do esquiador, como não treinar mais ao lado de seus ex-companheiros de equipe, mas ele afirma que “grandes sacrifícios sempre vêm com prós e contras”. Em relação aos próximos Jogos de Inverno, Braathen garante estar “animado” com a possibilidade de competir na Itália, pois sente uma “conexão especial com os fãs” do Belpaese, uma potência no esqui alpino.   

“Sinto que sempre me conectei de uma maneira diferente devido à minha origem latina. A energia e as emoções que recebo dos italianos são incríveis, e tento o meu melhor para dar a eles o melhor show que posso”, ressalta.   

Para Braathen, uma inédita medalha olímpica em 2026 poderia ajudar na popularização dos esportes na neve no Brasil, mas o esquiador também quer usar a competição para provar que, “para ser feliz, você precisa permanecer fiel a quem você é e ousar seguir seu próprio caminho”. “No final do dia, essa é a diferença que procuro fazer”, finaliza. (ANSA).