Os fãs da cultura geek, antigamente apelidados de nerds, estão experimentando o momento histórico em que a ocupação das naves espaciais deixa de ser exclusiva para astronautas e passa a ser possível para qualquer mortal. É o início da jornada às estrelas por cidadãos comuns. Na terça-feira, 28, o bilionário Richard Branson, proprietário da empresa de turismo espacial Virgin Galactic, realizou evento para apresentar a sensação de estar no espaço na nave VSS Unity. A exposição não pôde ser presencial, mas ocorreu ao vivo no Youtube, pelo canal da empresa. Também foi convidado um pequeno grupo de jornalistas que puderam acompanhar a simulação de estar dentro da nave por meio de óculos de realidade virtual decolando na pista da Virgin Galactic, no Novo México, junto com executivos da companhia.

A nave tem uma estética que remete a filmes de ficção. A disposição do espaço interno privilegiou 12 janelas circulares, espalhadas pelas laterais e teto, de onde se esperam as melhores sensações nas viagens: são duas janelas por pessoa. O objetivo é que os seis passageiros possam ter a melhor visualização possível do cenário espacial. Luzes instaladas em volta das janelas terão cores para orientar qual o estágio do voo. A cor branca indicará subida inicial, laranja será o desligamento do motor do foguete e a luz preta avisará a chegada ao espaço.

CONFORTO Poltronas para seis passageiros, em quatro tamanhos personalizados, reclinam na posição ideal da pressão no espaço (Crédito:Divulgação)

Em tempos de selfies, não há porquê se preocupar em levar o celular. A nave possui 16 câmeras, estrategicamente posicionadas para atender a vontade dos mais exibicionistas. As selfs podem sair com o horizonte da Terra ao fundo. As poltronas têm uma inclinação que atende ao maior conforto possível e foram projetadas para a pressão de uma viagem espacial, inclusive ajustável ao físico de cada passageiro, com a programação de quatro tamanhos diferentes. Na frente dos assentos, similares aos dos aviões, há um monitor com informações de navegação, como altura, velocidade, tempo de voo, além de entretenimento. Mas no espaço é bem provável que o passageiro queira sair da poltrona para dar uma flutuada e saborear a gravidade zero. Pensando nisso, há um espelho gigantesco nos fundos, que atende ao objetivo de testemunhar os efeitos da gravidade, mas também melhora a iluminação e amplia arquitetonicamente o ambiente.

VISUAL Duas janelas por pessoa garantem uma experiência de
fantasia fora de órbita (Crédito:Divulgação)

Fila de 600 pessoas

Claro que haverá um preço a ser pago pela aventura. O passeio custará US$ 250 mil por uma viagem de apenas 90 minutos. No entanto, já estão na fila mais de 600 pessoas inscritas, o que revela um público ávido pela sensação de estar a 97 mil metros. O próprio magnata do setor de transportes e entretenimento, Richard Branson, é um deles e sempre deixa claro que será o primeiro na viagem tripulada que deveria acontecer em 2020. Por conta da Covid-19, os voos comerciais devem ocorrer somente em 2021. Ainda precisam ser realizados testes de voo com passageiros nos assentos traseiros, além de ajustes na cabine para aumentar e garantir o conforto na viagem. Falta realmente muito pouco para a realidade acompanhar a ficção.