Coluna: Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.

O Equador não é o Brasil; será mesmo?

O Equador não é o Brasil; será mesmo?

A mais recente onda de violência descontrolada que tomou conta do Equador, me fez refletir a respeito da nossa própria condição. Sim, é isso mesmo. Na minha modesta opinião, não estamos muito longe, não. Se é que já não chegamos lá.

Um país que convive com 50 ou 60 mil assassinatos todos os anos, pode ser tudo, menos um país em paz. Pior ainda é quando esta pobre nação abriga uma das três maiores quadrilhas do crime organizado do planeta, o Primeiro Comando da Capital.

ASSUSTADOR

O PCC, para quem nunca foi apresentado, reúne, hoje, dezenas de milhares de criminosos de altíssima periculosidade espalhados por todo o mundo. É uma organização que fatura mais de 10 bilhões de reais por ano e possui tentáculos nos três Poderes da República.

No Rio de Janeiro, a facção rival, Comando Vermelho (CV), domina, há décadas, as comunidades mais carentes, transformando-se em um verdadeiro Estado paralelo, afinal, como sabemos, o Poder não admite vácuo. Na ausência de governo, impera o crime.

DIFERENTES?

Proporcionalmente, o Equador “assassina” seu povo 90% a mais que nós, os brasucas. Além disso, é verdade, não temos os carteis (mexicano e colombiano) impondo o terror nas ruas. E nem estamos geograficamente situados entre os dois maiores produtores de cocaína da Terra.

Mas, atenção: políticos mortos? Temos, sim senhor. Crime organizado no seio do Poder? Mensalão e Petrolão estão aí para responder. Venda de sentenças para criminosos perigosíssimos? Bem, uma “googlada” e veremos juízes e desembargadores afastados.

ENCERRO

Querem mais? Pois, não: ônibus queimados e tiroteios nas ruas e avenidas, impedindo o trânsito; pessoas assassinadas em mesa de bar em pleno calçadão de uma praia famosa; policial sendo cruelmente baleado por um preso durante uma “saidinha”.

Na boa, eu sei que sou pessimista além da conta e até mesmo um pouco, digamos, dramático. É da minha natureza; fazer o quê? Mas tem de ser muito otimista, ou cego, para não correlacionar o Brasil (210 milhões de habitantes) e o Equador (17 milhões).