Um estudo publicado em janeiro pela revista Nature concluiu que, afinal, o italiano Cristóvão Colombo estava falando a verdade quando se referia a um povo que praticava canibalismo no norte do Caribe quando ele desembarcou na região. Até então, as histórias sobre tribos que matavam umas as outras para depois se alimentarem delas eram vistas como mitos, criados apenas para impressionar. E mais: inventados pela Europa como um argumento para escravizar a população local. “Passei anos tentando provar que Colombo estava errado quando ele estava certo: havia “caribes” no norte do Caribe quando ele chegou”, disse William Keegan, um dos autores da pesquisa. Os “caribes” citados por Keegan são os povos conhecidos por consumir carne humana e saquear tribos. A descoberta é importante porque traz um novo entendimento sobre quando e quais terras da América Central eles ocuparam. “Teremos de reinterpretar tudo o que pensávamos que sabíamos”, disse o autor. A pesquisa concluiu que, quando a frota de Colombo chegou à América Central, em 1492, a região já era ocupada por eles — até então, não se acreditava que eles tinham chegado às Bahamas, à Jamaica e à Ilha de São Domingos, mas apenas à ilha conhecida como Guadalupe.

Chegou-se a essa conclusão graças a uma nova tecnologia que permitiu uma análise detalhada de mais de 100 crânios dos primeiros habitantes do Caribe, datados de aproximadamente 800 a 1542 D.C.

Trabalhos em 3D

Com uma técnica de reconhecimento que se utiliza de pontos faciais, recriaram-se rostos em 3D com detalhes precisos, como as medidas de um nariz e até de uma órbita ocular. Dessa forma, revelaram-se traços genéticos que elucidam as conexões entre os habitantes da região e até as suas rotas de migração. Pedaços de cerâmica descobertos nas Bahamas, na Ilha de São Domingos e Jamaica também foram analisados e corroboraram com a tese de que esses locais foram ocupados pela população de canibais.