27/11/2024 - 10:32
As 884 páginas que narram a suposta trama de um golpe de Estado, atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus ministros e aliados próximos, completam um elo crucial nas investigações dos ataques de 8 de janeiro, conforme aponta o relatório da Polícia Federal. Segundo a investigação, as ações golpistas de Bolsonaro e seus pares contribuíram para as invasões aos Três Poderes.
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O documento, divulgado na terça-feira, 26, detalha a cronologia do plano de golpe e acusa o ex-presidente de ser um dos principais articuladores da tentativa golpista. Além de Bolsonaro, outros 36 indivíduos foram indiciados, incluindo ex-ministros e aliados como Walter Braga Netto e Augusto Heleno.
Para os policiais, a trama golpista teve início com a disseminação de notícias falsas que colocaram em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. Os investigadores acreditam que essas informações falsas, aliadas aos incentivos dos investigados, fomentaram a formação de acampamentos golpistas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
O relatório aponta que os acampamentos visavam pressionar o Exército a aderir à ideia de respaldar as ações golpistas do grupo.
“Ademais, restou evidenciado que uma das linhas de ação implementada foi o direcionamento das manifestações em frente a instalações militares conforme o interesse do grupo investigado. O arcabouço probatório obtido demonstra que integrantes do Governo Federal e militares da ativa, com formação em forças especiais, estavam atuando para direcionar os manifestantes conforme seus interesses, descrevendo a forma de agir, os locais de atuação, além de respaldarem suas ações por meio das Forças Armadas”, relatou a PF.
Os investigadores ressaltaram ainda que aliados do ex-presidente articulavam a transferência do acampamento golpista para a Praça dos Três Poderes desde novembro de 2022. Para a Polícia Federal, esse é o elo que vincula a cúpula ligada a Bolsonaro aos ataques de 8 de janeiro.
“Há também elementos de prova de que havia uma interlocução entre lideranças das manifestações antidemocráticas e integrantes do governo do então Presidente Jair Bolsonaro para dar respaldo e intensificar os movimentos de ataque às instituições”.
“Constatou-se que, no dia 11 de novembro de 2022, já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, fato que efetivamente ocorreu no dia 08 de janeiro de 2023”, completou o relatório.
O ex-presidente negou qualquer articulação para um plano golpista e qualquer ligação dele ou de seus aliados com os ataques de 8 de janeiro.