O elo do cerco que faltava ao redor de Bolsonaro

Tânia Rêgo/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve seu último elo do cerco fechado sob sua volta. Às 12h52, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou o ex-presidente e mais sete como réus no inquérito do golpe de Estado.

Por unanimidade, a Primeira Turma colocou o sexto ex-presidente sentado no banco dos réus, desta vez por dois dos crimes mais graves previstos no Código Penal: o golpe de Estado e a abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As penas podem chegar a 20 anos de prisão.

Bolsonaro chegou a ensaiar uma ida ao STF novamente, mas recuou em cima da hora. Assistiu do Senado o seu futuro decidido pelos ministros, enquanto seu advogado, Celso Vilardi, acompanhava com atenção total cada voto declarado.

A derrota já era prevista. Não porque as decisões fossem prévias, mas porque, nos bastidores, as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) eram irrefutáveis, pelo menos para os ministros.

Na leitura de seu voto, corrigido em cima da hora e à caneta, o relator, ministro Alexandre de Moraes, procurou afastar os questionamentos acerca da investigação da PGR e tentou se esquivar da fama de “vilão”, dada por apoiadores de Bolsonaro.

Se há uma luz no fim do túnel para o ex-presidente, ela se chama Luiz Fux. Em seu voto, o ministro explicito que quer participar ativamente das oitivas e ter acesso integral à denúncia da PGR. Ele também defendeu a análise do processo no plenário da Suprema Corte, abrindo divergência sobre o ministro relator.

Após o julgamento, o ex-presidente da República até tentou sair do holofote, mas não vai conseguir. Terá que recorrer à política e a um pedido contraditório de anistia. O projeto está travado na Câmara dos Deputados e depende única e exclusivamente do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para ser levado adiante.

Em meio a tudo isso, Bolsonaro precisa aceitar um fato: está seguindo o roteiro de Lula (PT) e, assim como o petista em 2018, não será candidato em 2026. Bolsonaro terá que esquecer o pleito, nomear um substituto e se concentrar em sua defesa no longo caminho a ser percorrido até setembro, quando deve acontecer o julgamento definitivo.