A desistência de José Luiz Datena (PSC) de disputar o Senado por São Paulo, mesmo liderando as pesquisas de intenção de voto, está provocando uma reviravolta no quadro eleitoral do maior estado brasileiro. Ao abandonar o barco, o apresentador de TV abre espaço para o ex-governador Márcio França (PSB) desistir da candidatura ao governo paulista e assumir a disputa pela vaga de senador na chapa com Fernando Haddad (PT), como exige Lula: Haddad para governador e França para senador. Essa manobra petista, porém, está colocando no jogo o governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição. Sem França na disputa, Haddad lidera as pesquisas com 34%, mas o tucano fica em segundo lugar, empatado com o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), ambos com 13%.

Telinha

A decisão de Datena de continuar na TV surpreendeu os bolsonaristas. Dias antes de anunciar que permaneceria como comunicador, esteve em Brasília acertando com Bolsonaro como sua candidatura ao Senado alavancaria Tarcísio em São Paulo. Esta é a quinta vez que desiste de trocar a TV pela política desde 2016, quando anunciou candidatura a prefeito.

Senado

Com Datena fora do páreo, Tarcísio procura outro candidato ao Senado para compor sua chapa em São Paulo. Ele já conversou com a deputada Carla Zambelli (PL), que, a princípio, faz campanha pela reeleição. Outra opção é o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf, mas a deputada estadual Janaína Paschoal, em campanha para o Senado, está no jogo.

À prova de balas

Romildo de Jesus

Lula tem confidenciado a apoiadores estar receoso de ser alvo de ataques de adversários durante a campanha eleitoral. Por isso, além dos 30 agentes da PF que deverão se revezar na sua segurança, o PT contratará guardas particulares. Como não quer se privar do contato com os eleitores nas ruas, em eventos com grandes multidões, como aconteceu sábado, 2, em Salvador, o petista vestirá colete à prova de balas.

Retrato falado

“A PEC é eleitoreira e irresponsável” (Crédito:Waldemir Barreto/Agência Senado)

José Serra (PSDB-SP) foi o único senador, com coragem, a votar contra a “PEC Kamikase” que autorizou o governo a instituir o estado de emergência para turbinar benefícios sociais no valor de R$ 41,2 bilhões fora do teto de gastos e a três meses das eleições. “Jamais me negaria a votar em favor de quem tem fome. Os dados são alarmantes. Mas há que atuar com responsabilidade para que a economia não piore ainda mais no próximo ano, com juros e inflação mais altos”, disse.

Renda em queda

O governo até comemorou que a taxa de desemprego caiu para 9,8% no trimestre de março a maio (nos últimos seis anos vinha ficando acima de 10%), mas esqueceu-se de mostrar que a renda média do brasileiro também caiu 7,2% em relação a esse mesmo período do ano passado. Ou seja, o brasileiro está conseguindo arrumar trabalho com maior facilidade, mas com salários muito menores. A renda média no trimestre de março a maio foi de R$ 2.613, ou R$ 204 a menos do que em igual período de 2021. Sinal claro do empobrecimento do trabalhador, afetado pela inflação superior a 12%. Economistas afirmam que essa tendência de melhora do emprego desaparecerá nos próximos meses.

Informais

O Brasil contabilizou também no trimestre de março a maio 97,5 milhões de pessoas ocupadas — um recorde —, mas muito por conta dos 39,1 milhões de trabalhadores informais: somente durante a pandemia, o Brasil ganhou 1,4 milhão de novos informais, o que evidencia a precarização das condições de trabalho.

Chapa quente

Marcelo Freixo (PSB), candidato a governador do Rio, está fazendo das tripas coração para fechar uma aliança inédita que una os socialistas ao PT e ao PSDB. Para ter os petistas na sua chapa, precisa garantir que Alessandro Molon (PSB) desista de ser candidato ao Senado em favor de André Ceciliano (PT). Molon resiste em ceder a vaga ao PT.

Ricardo Borges

Frente ampla

Como a disputa pelo governo fluminense está acirrada (o governador Cláudio Castro está com 23% e Freixo tem 22%), o PSB pretende formalizar a aliança com o PT e também agregar o PSDB à chapa. O deputado Rodrigo Maia está negociando lançar seu pai, Cesar Maia (PSDB), como vice de Freixo. O entendimento deve ser fechado nos próximos dias.

Renascimento

Cassiano Rosário

Após ter tido negado o domicílio eleitoral em São Paulo, Sergio Moro está se dando bem no Paraná, seu estado natal. Se decidir ser candidato ao Senado, venceria Álvaro Dias por 30% a 23% (sem Moro, Álvaro lidera com 41%). Agora, o União Brasil, seu partido, quer testar o ex-juiz para o governo do Paraná, onde, por enquanto, apoia a reeleição do governador Ratinho Junior.

Toma lá dá cá

Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara (Crédito:Gustavo Bezerra)

Como o PT vê a proposta do Centrão de tornar obrigatória a emenda de relator a partir de 2023?
Transformar as emendas de relator em impositivasé um grave erro. Você não pode pegar R$ 16,5 bilhões e aplicar de forma descoordenada, sem um programa estruturante.


Crê na possibilidade de aproximação entre Lula e Arthur Lira, caso o petista vença as eleições?
A gestão do Lula funcionará com dois pilares de governabilidade: o institucional, com base no Congresso, e o da sociedade civil. A história ensina que precisamos das duas.


Qual a sinalização recebida pelo PT dos militares sobre as ameaças golpistas de Bolsonaro?
As Forças Armadas têm dado sinais claros de que não entrarão em uma aventura de Bolsonaro.

Rápidas

* Mesmo sem querer desagradar Bolsonaro, o senador Rodrigo Pacheco dificilmente escapará de ter que abrir a CPI do MEC. A oposição apresentou o pedido com assinaturas de 32 senadores, cinco a mais do que as 27 necessárias. Se não abrir, o caso vai parar no STF.

* Bolsonaro gastará R$ 88,3 milhões em sua campanha, dentro do teto fixado pelo TSE. Esse valor representa 31 vezes mais do que gastou em 2018 para se eleger presidente. Valdemar Costa Neto, do PL, bancará tudo.

* O Datafolha verificou que Bolsonaro é o pior padrinho em São Paulo, com 60% de rejeição. Por isso, Tarcísio de Freitas, candidato ao governo paulista, está se desassociando do presidente, esfriando a relação entre os dois.

* Deputados da oposição vão aprovar, mas tentarão adiar o início da introdução da “PEC Kamikase” para agosto. O relator do projeto, Danilo Forte (UB-CE), vai tentar tirar o termo “estado de emergência” da proposta.