O ativismo ambiental já rendeu a Yannick Jadot uma condenação por invadir uma base militar na França. Agora, seu novo objetivo é chegar ao Palácio do Eliseu com uma “ecologia de governo”.

O ex-funcionário do Greenpeace de 54 anos foi candidato dos ambientalistas às eleições presidenciais de abril e, com uma imagem de pragmático, derrotou a economista Sandrine Rousseau nas primárias verdes.

Não foi sua primeira vitória. Há cinco anos, ele foi investido por seu partido para as eleições presidenciais de 2017, mas decidiu se retirar para apoiar o candidato socialista Benoît Hamon, que destacou seu compromisso com o meio ambiente.

Hamon fracassou com 6,36% dos votos e os Verdes agora buscam a liderança, impulsionados pelo terceiro lugar em 2019 nas eleições para o Parlamento Europeu, onde Jadot é deputado desde 2009, e suas conquistas em 2020 em cidades como Lyon e Bordeaux.

Mas, com uma intenção de voto de 6% nas últimas pesquisas, o novo candidato do Europa-Ecologia-Verdes (EELV, na sigla em francês) também pode não chegar à Presidência, que as pesquisas preveem para o liberal Emmanuel Macron.

E tudo isso apesar de ser o político do EELV mais conhecido dos franceses. Jadot também tem uma imagem de ambientalista “moderado” por suas posições favoráveis aos empresários e à polícia e também por rejeitar o uso do burkini (traje de banho para mulheres).

O economista de formação nasceu em uma família de esquerda no norte da França em 1967 e considera “ridículo” ser classificado como “liberal”, como deixou claro durante uma recente entrevista ao jornal Libération.

– Contrário ao acordo com o Mercosul –

Seus primeiros passos, após concluir seus estudos em Comércio Internacional na Universidade Paris-Dauphine, foram dados em 1995 na Solagral, ONG especializada em apoiar países em desenvolvimento.

Em 2002, assumiu como gerente de campanha do Greenpeace na França. Em 2006, dois anos antes de deixar a ONG, foi condenado por violar os interesses da nação após invadir o perímetro de uma base de submarinos nucleares.

Sua luta contra a globalização o levou ao Parlamento Europeu em 2009, onde não hesita em denunciar os acordos comerciais da União Europeia (UE) com o Canadá ou os países do Mercosul e o presidente Jair Bolsonaro.

“O acordo com o Mercosul é estruturalmente destrutivo para a Amazônia”, disse o ambientalista em 2019 quando criticou Macron que tenta chegar a um acordo com Bolsonaro, que “quer massacrar” este pulmão verde.

Seu programa para chegar ao Palácio do Eliseu inclui taxar as emissões de CO2, a transição energética e a promoção da agricultura sustentável. Ele também defende um mandato único de sete anos.