Deu o que falar a foto revelada na sexta-feira passada, 21 de maio, em que dois ex-presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devidamente trajados de máscaras trocam ‘soquinhos’ como sinal de união e apoio: “tamos juntos”.

Particularmente, conforme meu artigo no mesmo dia, não me surpreendi, nem um pouco, com o gesto do tucano, admirador declarado do petista em que pese todos os escândalos de corrupção protagonizados pelo ‘meliante de São Bernardo’. Até porque, quem tem Aécio tem medo.

As máscaras foram um recado para as atitudes negacionistas e homicidas de Jair Bolsonaro, ‘o verdugo do Planalto’, é claro, mas também impediram a visualização do sorriso amarelo de ambos, ou talvez, por parte do petista, careta de ‘nojinho’, já que inveja e rancor de FHC não faltam.

Como não poderia ser diferente, Bolsonaro e sua horda rábica emporcalharam as redes sociais com comentários típicos, ou seja, ofensas e baixarias. O próprio pai do senador das ‘rachadinhas’ e da mansão de seis milhões de reais deu a senha: “ladrão de nove dedos e o vagabundo”.

Não foram poucos também os bolsonaristas civilizados – sim, há alguns – que de forma educada criticaram, com inteira razão, a benção do mais alto expoente do tucanato ao líder – segundo o Ministério Público Federal (MPF) – do maior bando de assalto do mundo democrático ocidental.

Tal indignação – repito, justíssima! – mostra, contudo, o duplo padrão moral dessa gente estranha, seja a ala civilizada, seja a ala selvagem (a predominante). Para eles, o amigão Queiroz (o que já deveria ser inadmissível) posar feliz e sorridente ao lado de Collor e Ciro Nogueira, tudo bem.

O marido da receptora de cheques de milicianos (mais uma afronta a quem se diz defensor da moral e bons costumes) ter como um guru e aliado Roberto Jefferson, tudo bem. Nomear a esposa de José Roberto Arruda como ministra da Secretaria de Governo, nada de mais, né, pessoinhas de bem?

FHC foi, indiscutivelmente, o melhor presidente do Brasil pós-redemocratização, em que pese erros gigantescos como a reeleição (que comprou), o não apoio a José Serra em 2002 (por amor platônico a Lula) e a ideia de deixar Lula ‘sangrar’ no Mensalão, não pedindo impeachment em 2005.

As críticas do bolsonarismo ao seu apoio ao ‘pai dos Ronaldinhos’ revelam, além das costumeiras intolerância e autocracia, e do duplo padrão moral já citado, que, sim, a galera do ‘Brasil acima de tudo e Deus acima de todos’ tem um corrupto de estimação para chamar de seu: ”mito, mito, mito”