“Eu quero ser o presidente do povo brasileiro, de empresários que geram empregos, do povo sacrificado do Brasil”. Foi com essa declaração, em 31 de agosto, que o governador Geraldo Alckmin se lançou definitivamente como candidato ao posto tucano na disputa pela presidência da República. Sua primeira preocupação, no entanto, não foi com os candidatos da oposição como o ex-presidente Lula, ou o deputado Jair Bolsonaro (PSC). Seu principal oponente hoje está dentro de seu próprio partido, o PSDB, e é seu apadrinhado político: o prefeito de São Paulo, João Doria. Com a popularidade em alta, Doria começou a flertar com a possibilidade de chegar ao Palácio do Planalto já em 2018. Garantiu inúmeras vezes, no entanto, que para atingir seu objetivo não trairá seu padrinho. Para não enfrentá-lo em prévias, como Alckmin deseja, quer que a escolha do partido seja feita de olho nos resultados de pesquisas junto à opinião pública — onde tem resultados muito melhores do que os do governador. O duelo entre os dois promete ter um round final em dezembro, quando os tucanos escolherão o pré-candidato para disputar a presidência.

“A melhor opção para o PSDB ter uma candidatura vencedora à presidência seria adotar um mecanismo moderno de consulta que é a pesquisa” João Doria, prefeito de São Paulo

Antecipando a disputa entre criador e criatura, Alckmin disse esta semana que “não esperava” que o prefeito fosse seu concorrente interno. Na defesa do instrumento das prévias, o governador relembrou que se não houvesse esse sistema para a escolha de candidatos, Doria não teria sido o escolhido para disputar a prefeitura de São Paulo. Na contenda, Alckmin tem o apoio de tucanos como José Anibal. “Doria deveria se concentrar mais na prefeitura de São Paulo, já que os paulistanos lhe deram uma bela vitória”, afirma. Já o presidente estadual do PSDB em São Paulo, Pedro Tobias, diz que “para tudo na vida há uma fila”, e que agora é a vez de Alckmin. Na avaliação de importantes dirigentes tucanos, Alckmin vem se comportando como Andrea Matarazzo na disputa com Doria para a prefeitura paulistana em 2016: acredita ter o direito de ser o candidato por ter mais tempo de partido, sem se importar com a opinião pública. Nesse caso, Alckmin pode repetir Matarazzo e ter uma candidatura insignificante no cenário nacional.

“Se tivermos [o PSDB] mais de um concorrente, não importa quem seja, o partido deve abrir a disputa” Geraldo Alckmin, governador de São Paulo

Em entrevista à ISTOÉ, Doria diz que não é contrário à prévias, mas que hoje “o instrumento mais moderno” para a escolha do candidato é mesmo a realização de pesquisas de intenção de voto e de rejeição junto ao eleitorado. “Avaliar o grau de conhecimento, de rejeição e intenção de voto é a forma mais eficiente de medir qual dos nomes do PSDB oferece maiores chances de vitória”, afirmou o prefeito.

Amizade eterna

A amizade entre os dois, contudo, é de longa data. E, por enquanto, não foi abalada. “É uma relação de 37 anos que não nasceu da política e não dependeu da política”, afirmou o prefeito. Fontes ligadas a Alckmin dizem que ele ficou magoado, pois esperava apoio incondicional de Doria. O problema é que o prefeito foi empurrado a sonhar com a candidatura depois que sua popularidade cresceu e passou a ser festejado como o melhor candidato. Enquanto a disputa se desenvolve nos bastidores, Doria e Alckmin acertaram uma trégua e neste final de semana farão um programa de lazer juntos, acompanhados de suas esposas. Vão ao cinema.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Os caminhos do PSDB
Convenção nacional do PSDB em dezembro deve definir rumos do partido

*O PSDB deve promover sua convenção nacional anual em dezembro, na qual será definido o nome do próximo presidente do partido. Disputam o cargo o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o atual presidente interino Tasso Jereissati

*O partido pode escolher também nessa convenção o nome do candidato tucano a presidente da República. A disputa está entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, João Doria

*Enquanto o governador Geraldo Alckmin defende a realização de prévias para definição do candidato, o prefeito João Doria sugere que seja escolhido o candidato que estiver melhor colocado nas pesquisas de intenção de votos

 


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias