Um ano após imagens de crianças e adultos desnutridos circularem mundo afora escancarando a crise humanitária e sanitária vivida pelos Yanomami, o drama persiste. Agora, as consequências reverberam em outras áreas. Na semana passada, o país soube que, em 2023, o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-YY), integrado ao SUS descartou mais de 257 mil medicamentos que seriam destinados ao povo indígena de Roraima e Amazonas.

Ivermectina e cloroquina compõem a maioria desse desperdício. Adquiridos na gestão de Jair Bolsonaro devido à Covid-19, a cloroquina, que não serve para coronavírus, é eficaz no tratamento da malária.

Apenas em dezembro de 2023 foram notificados 4.696 casos, segundo relatório do Centro de Operações de Emergência Yanomami. Apesar da força-tarefa montada pelo governo federal, a mobilização parece não ter surtido efeito.

O garimpo ilegal avança e segue como principal causador da disseminação de doenças, contaminação de rios e outros terrores para essas comunidades.

Plano de ação

A realidade é uma consequência do governo anterior. Disse o Ministério da Saúde em nota à ISTOÉ: “No início de 2023, a atual gestão se deparou com um cenário de crise humanitária do povo Yanomami causado pela desassistência e desestruturação da saúde indígena nos últimos anos.

A pasta também herdou estoques de medicamentos sem tempo hábil para distribuição e uso, comprados sem critérios ou planejamento. ”Nos últimos meses, as políticas de saúde foram reestruturadas e estoques, reorganizados. “Desde o início da operação de emergência no território, todos os medicamentos e insumos necessários para salvar vidas são utilizados pelas equipes de saúde. Não há falta de medicamentos ou insumos para assistência dessa população. Os medicamentos comprados nos anos anteriores e que estavam com a data de validade próxima do vencimento foram descartados.”

Mesmo assim, a situação permanece grave. O Governo Federal intensificou o plano de ação. A começar pelo investimento de R$ 1,2 bilhão.

“Vamos tratar as questões indígena e dos Yanomami como uma questão de Estado, ou seja, nós teremos que nos esforçar ainda mais, utilizar todo o poder que a máquina pública pode ter. Não é possível que a gente possa perder uma guerra para garimpo ilegal, para madeireiro ilegal, para pessoas que estão fazendo coisas contra o que a lei determina”, declarou Luiz Inácio Lula da Silva.