Todos os estudos e indicadores internacionais são unânimes: uma maior taxa de cidadãos com o Ensino Superior corresponde a maiores níveis de desenvolvimento. Uma sociedade só consegue ser competitiva, inovadora e criativa, com os seus jovens integrados em planos de formação que sejam de nível superior, exigentes e com qualidade.

Pelo Instituto SAMESP, em 2021, a taxa de evasão de alunos do Ensino Superior privado foi de 36,6%, apresentando uma escassa melhora face a 2020 que nos brindou com 37,2%. É a maior série histórica, mostrando o franco decréscimo de alunos no sistema universitário.

Com valores claramente consolidados na casa dos 30%, o Brasil deixa cair, todos os anos, 1/3 dos seus jovens para a inevitabilidade de não participarem no esforço nacional para o desenvolvimento.

Foram cerca de 3,42 milhões de alunos que abandonaram os projetos de concretização dos seus sonhos, de realização da tão almejada ascensão social e a busca por uma vida melhor, longe da repetitiva e dramática espiral da pobreza.

Estes valores são tão mais preocupantes quanto a porcentagem de estudantes nas instituições privadas é esmagadora face ao total de alunos brasileiros no Ensino Superior: no ano de 2020, quase 3,8 milhões de alunos ingressaram em cursos de graduação; contudo, desse total, 86% em instituições privadas.

O Estado, através das suas instituições, não apresenta soluções. Apenas cerca de 50% dos alunos das universidades federais são oriundos de instituições públicas de ensino médio. E este valor consegue ser menos dramático porque há quotas que reservam vagas para certos grupos populacionais.

O Ensino a Distância (EAD), não veio criar um quadro melhor nesta questão. Em 2021, abandonaram mais alunos os cursos de graduação em EAD que presenciais. Foram 43,3% os alunos que abandonaram o sue sonho de fazer um curso superior online.

Estes dados resultam num quadro de valorização de Recursos Humanos muito frágil e incapaz de corresponder ao desenvolvimento do país. Apenas 18% dos jovens entre os 18 e os 24 anos frequentam o Ensino Superior, muito longe do que um país em desenvolvimento necessita.

Dizem os especialistas, e comprovam-no os valores dos países desenvolvidos, que um país para ser competitivo tem de ter, cerca de 2/3 da sua população com o Ensino Superior. Com a realidade que temos à nossa frente, o Brasil está muito longe de vir a alcançar este valor nas próximas décadas.

Qualquer governo tem de olhar seriamente para esta realidade que, a não ser sanada, coloca em risco a estabilidade social e lança, todos os anos, milhões de jovens para uma pobreza certa. Ao negar, socialmente, a concretização dos mais sinceros anseios de progresso, parafraseando o mote inscrito na bandeira nacional, estamos todos nós a condenar uma vasta parcela de população a perder o trem do desenvolvimento e a refugiar-se, muitas vezes, na desesperança, no desalento e na adesão a radicalismos que procuram destruir o Estado de Direito. Desamparados pela República, encontram refúgio em quem demoniza o regime.

Urge dar respostas a este problema, apoiando estes jovens para que não tenham de desistir dos seus sonhos. Um amplo programa de valorização do Ensino Superior tem de ser prioridade, acompanhado de um plano de apoio financeiro, baseado no rigor e na exigência.