A realeza britânica está triste. Os plebeus também estão. O mundo idem. Uma simpática e muito charmosa senhora de 96 anos de idade, que há sete décadas era a rainha do Reino Unido, morreu na última quinta-feira, 8 de setembro.
A gravidade de seu quadro de saúde já ficara clara pela urgência com que sua equipe médica pediu que familiares mais próximos afetivamente e também na hierarquia sucessória do trono fossem ao Palácio de Balmoral, onde a monarca estava sob rigorosos cuidados e repouso.

Fala-se aqui, é claro, de Elizabeth II, que nos últimos tempos já vinha demonstrando oscilações em seu estado de saúde em decorrência da própria idade – acrescente-se a isso o fato de ela ter sido sempre uma paciente bem rebelde: seguia dirigindo carros e bebericando drinks de gin em casa, às escondidas.

Os seus filhos atenderam prontamente ao chamado: Anne, Charles, Andrew e Edward chegaram consternados ao Balmoral. O primeiro na linha sucessória era o príncipe Charles, agora rei — e não tão querido pelos britânicos como foi e continuará sendo Elizabeth.

Faz décadas que Charles, agora com 73 anos de idade, vem sendo preparado para assumir o reinado, e tal preparação se acentuara nos últimos meses: ele passou a substituir a mãe em diversos compromissos oficiais, tanto no Reino Unido quanto no exterior — e, em muitas cerimônias, acompanhou-a numa demonstração discreta de que a sucessão já estava se avizinhando.

Charles significará uma nova história da Casa dos Windsor, até porque assumirá como rei em uma Inglaterra que está agora distante da estabilidade política, social e econômica. É um desafio gigantesco para quem, como já dito, não possui relevante prestígio. Pesquisa do YouGov mostra que 75% dos britânicos ostentavam uma opinião positiva de Elizabeth II, mas tal porcentagem cai para 42% em relação a Charles. Some-se desprestígio, falta de carisma, deslealdade conjugal com Diana, crises no país e, finalmente, o anacronismo com que o mundo vê a realeza. Resultado: o difícil futuro do rei Charles III.