A Justiça de São Paulo acatou na última semana um pedido dos herdeiros do renomado professor e lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, criador do tradicional dicionário Aurélio, e condenou o empresário Marcelo Abelardo Mari Medina a pagar uma indenização de R$ 100 mil pelo plágio e falsificação do livro de vocabulário lançado em 1975, após três décadas de estudos.

Segundo os autos, o empresário, que é fundador do site o “Dicionário do Aurélio” ou “Dicionário Aurélio de Português Online”, criado em 2008, seria uma imitação e estaria se passando pelo verdadeiro dicionário de Aurélio. Os herdeiros, que detêm os direitos sobre a obra do autor, que pertenceu à Academia Brasileira de Letras, conseguiram uma liminar na Justiça pedindo a retirada do site do ar de imediato.

O site, que já estava no ar há mais de dez anos, além de não remeter à tradicional bíblia física do português, era um dos primeiros ranqueados da plataforma do Google, o que o fazia ser um dos principais sites de acesso ao pesquisar pelo significado de palavras, resultando em muitos acessos diários.

Abelardo se defendeu dizendo que o portal era a sua única fonte de renda e que os herdeiros, que nunca haviam feito qualquer objeção pelo funcionamento do portal digital, deveriam disponibilizar um dicionário online com o nome Aurélio. E ainda os chamou de “omissos” por não utilizarem os meios digitais de forma benéfica à marca.

Além dos R$ 100 mil, Marcelo Abelardo foi condenado a pagar uma segunda indenização pelos lucros que os herdeiros deixaram de receber em razão do plágio. Uma perícia vai determinar o valor. Ele ainda pode recorrer da decisão.

Do outro lado, os herdeiros disseram que a qualidade do site era “questionável”, pois não utilizava a mesma base de dados do dicionário Aurélio físico, mas sim de uma versão online. Uma coisa é certa, o velho e sábio Aurélio, morto aos 78 anos, em 1989, deve estar se revirando no tumulo pelas brigas.