Tomie Takebe olha os destroços de sua casa devastada pelas inundações na cidade japonesa de Kurashiki e se pergunta se algum dia poderá voltar a viver no lugar.

As inundações e os deslizamentos de terra provocados pelas chuvas torrenciais deixaram ao menos 156 mortos no Japão e os sobreviventes vivem na incerteza, sem saber o que será deles em seus bairros destruídos.

Takebe, de 67 anos, morava no bairro de Mabi, em Kurashiki, no sul do Japão. Parte de Mabi ficou inundada, e quando o nível de água diminuiu deixou uma camada de lama.

“Realmente não sei o que dizer”, afirma, olhando para o que resta de sua casa de um andar, coberta de barro e com tudo de cabeça para baixo.

“Minha geladeira… está tudo coberto de lama”, diz, enquanto familiares a ajudam a tirar os objetos da casa.

Ela vai de um lado para outro, procurando uma forma de limpar. Sem água nem energia é uma missão impossível. Não consegue parar de pensar no que fazer. “Talvez eu vá para a casa da minha irmã em Osaka”, diz. “Mas não estou certa. Por enquanto me concentro na limpeza. Pensarei no futuro mais tarde”.

Desde o início da catástrofe em seu bairro, os vizinhos permaneceram em contato. Há boatos de roubos que eles atribuem a desconhecidos que percorrem a área.

Na estrada principal, uma equipe retirou carros esmagados ou virados, e árvores caídas.

Existem zonas atravessadas por riachos e lama por todas as partes. Em uma estrada, os vendedores de uma loja jogam as bebidas estragadas em uma vala e, perto dali, um grande peixe arrastado pelo aumento do nível da água morre sob o sol escaldante.

– ‘Não sou a única’ –

Hirotoshi Ohta, um operário de 50 anos, conta que sua empresa perdeu 10 caminhões e que está usando a betoneira que resta para levar a água para a limpeza.

O seu futuro é uma incógnita. “Não sabemos o que fazer”, confessa.

Fumiko Inokuchi, de 61 anis, procura pelas ruínas de sua casa, agarrada a uma fotografia de seus filhos usando uniforme de beisebol. No sábado estava em casa, seu marido tinha acabado de sair para o trabalho, quando se deu conta de que ficaria bloqueada pela água.

Conseguiu se salvar e se abrigou em uma clínica para idosos onde ficou com os vizinhos até domingo de manhã. Alguns soldados chegaram em barcos e os resgataram da varanda do primeiro andar.

“Me casei aqui e construímos essa casa dois anos depois do casamento, nela educamos nossos filhos, que agora estão adultos, está cheia de muitas lembranças”. Se conseguir receber as indenizações da companhia de seguros, dará a um de seus três filhos para que conserte a sua. Ela espera ir morar com ele.

“Estou viva. Acredito na força, na resiliência dos seres humanos”, diz com lágrimas nos olhos. “Não sou a única nessa situação. Todos os meus vizinhos estão nessa situação. Todos em Mabi”.