O lenga-lenga de Jair Bolsonaro não é um caso isolado — na história política brasileira há episódios emblemáticos da falta de alma democrática e carência de boa educação de ombros estrelados no momento de entregar a Presidência do País a sucessores civis. Eis dois episódios:

Embora a República tenha sido Proclamada em 1889, somente em 1894 foram realizadas eleições diretas para a Presidência, então exercida pelo marechal Floriano Peixoto.

Venceu as eleições o paulista civil Prudente de Morais. Ao desembarcar na estação de trem no Rio de Janeiro, Floriano não enviara ninguém para recepcioná-lo.

Carregando a sua mala, Prudente caminhou até o Palácio Itamaraty, sede do governo central. Nessa época não havia ainda a faixa presidencial, criada apenas em 1910, mas mandava o figurino Floriano esperá-lo no Palácio.

Cadê Floriano? Deixou um recado dizendo que fora resolver assuntos particulares e urgências militares.

Prudente assumiu o cargo, mas logo teve de sair de licença médica. O seu vice, Manuel Vitorino, por conta própria mudou o núcleo do poder para o Palácio do Catete.

Em 1985, o último presidente da ditadura militar, João Baptista Figueiredo, preferiu sair às escondidas do Palácio do Planalto, em Brasília, valendo-se de uma porta nos fundos, para não passar a faixa presidencial ao civil José Sarney — que assumiu o cargo devido ao falecimento de Tancredo Neves.

Figueiredo disse na época à ISTOÉ, com exclusividade, que odiava Sarney. E pediu a toda mídia para esquecê-lo. Foi esquecido, faleceu no ostracismo no dia 24 de dezembro de 1999.

Sobre o caso de Bolsonaro, esse todo mundo já sabe.