O desabafo de Marrone ao revelar depressão após cirurgia de glaucoma

Em conversa com IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez explica que a depressão possui uma ligação bastante íntima com condições cirúrgicas

Reprodução/TV Globo
Marrone durante a entrevista Foto: Reprodução/TV Globo

Durante entrevista ao programa ‘Viver Sertanejo’, apresentado por Daniel na Globo, o cantor Marrone, de 60 anos, revelou o que passou quando precisou fazer uma cirurgia de glaucoma e falou sobre as crises de ansiedade.

“Já passei por muitas fases difíceis na vida. O glaucoma que tive agora não foi fácil, só quem passa sabe, e Deus mesmo. Fiquei muito depressivo, tive crises de ansiedade mesmo”, contou o sertanejo.

Marrone ainda disse que o companheiro de dupla, Bruno, não soube de suas crises. “Passei por momentos que, às vezes, ele (Bruno) nem sabe. Já tive ânsia de vômito, medo de entrar no palco, ansiedade louca, depressão. Graças a Deus, eu conseguia fazer o show.”

Em conversa com a reportagem de IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez explica que a depressão possui uma ligação bastante íntima com condições cirúrgicas. “Manifestações depressivas podem estar presentes tanto na fase pré-operatória quanto, especialmente, na fase pós-operatória, quando o risco se torna mais elevado, inclusive com aumento na taxa de mortalidade”, diz o especialista.

“Um aspecto importante, porém muitas vezes negligenciado, diz respeito à natureza ambivalente desse quadro. Essa ambivalência está relacionada à origem da depressão: o paciente já apresentava sinais prévios e a cirurgia apenas funcionou como um gatilho? Ou a condição depressiva foi desencadeada exclusivamente após o procedimento?

De qualquer forma, trata-se de uma situação clínica que merece total atenção, pois podem surgir ‘ramificações depressivas’ que se estendem muito além do período pós-operatório.

Essa condição depressiva associada à cirurgia é frequentemente formada pela junção de medo, ansiedade e insegurança; afinal, a vida está em jogo em qualquer procedimento cirúrgico. Preocupações com a própria saúde, possíveis complicações e até mesmo com a anestesia influenciam diretamente essa associação, que também é compreendida como ‘depressão cirúrgica’.

Além disso, em muitos pacientes ocorre uma supressão temporária do sistema imunológico, favorecendo o surgimento de sintomas depressivos. Isso se deve, em parte, às preocupações com infecções, riscos cirúrgicos e complicações no pós-operatório.

A dor também é um fator decisivo. A dor física, quando associada à dor emocional ou psicológica, pode agravar ainda mais o quadro depressivo. Essa interação entre corpo e mente ocorre de forma inconsciente, mas é plenamente funcional e real, ainda que de natureza subjetiva.”

Recomendações para reduzir os riscos de depressão no processo cirúrgico:

  • Prepare-se física, fisiológica e psicologicamente para a cirurgia.

  • Realize um check-up completo e detalhado como parte da avaliação pré-operatória. Isso oferece maior tranquilidade mental e ajuda a aferir o estado do sistema imunológico.

  • Busque estar bem, com disposição e preparado mentalmente para o procedimento.

  • Faça acompanhamento psicológico. Recomendo, especialmente, sessões com abordagem psicanalítica.

  • Um a dois meses antes da cirurgia, busque realizar atividades prazerosas: viaje, passeie, pratique exercícios físicos, sempre respeitando suas limitações.

Referências Bibliográficas

Alexander Bez – Psicólogo; Especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM); Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA); Especialista em Saúde Mental. Atua na profissão há mais de 27 anos.

É também autor dos livros: Inveja – O Inimigo Oculto; O Que Era Doce Virou Amargo!!! (Volumes 1, 2 e 3); A Magia da Beleza Feminina; A Paixão e Seus Encantos; e What You Don't Know About COVID-19: The Mortal Virus.