A situação não é nem de longe tão grave quanto ele gosta de fazer crer, mas ainda assim o presidente americano Donald Trump escolheu o tema da imigração ilegal em seu país como tema do seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional de TV desde que assumiu o cargo, há dois anos. Seu governo vive um impasse na aprovação do orçamento junto ao congresso americano, razão pela qual muitos serviços federais estão congelados. Quase 800.000 servidores públicos estão sem pagamento. A razão é que os parlamentares democratas se negam a aprovar uma verba bilionária para construir um muro na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes.

Trump chegou ao ponto de ameaçar declarar estado de emergência caso a construção do muro não seja aprovada, como se a entrada de imigrantes a partir de território mexicano fosse uma ameaça existencial para os Estados Unidos. Não é. Na realidade, o fluxo de imigrantes clandestinos vem caindo nos últimos anos e chegou ao seu ponto mais baixo em 2018. Como sempre, Trump está pintando um cenário de crise com base em dados falsos.

Senado republicano

O atual embate com os democratas, que a partir deste mês se tornaram maioria na Câmara dos Representantes, é apenas o primeiro de muitos que devem ocorrer até o fim do mandato de Trump. O confronto mais aguardado pelos eleitores que se opõem ao presidente, porém, dificilmente ocorrerá: a probabilidade de se abrir um processo de impeachment contra ele é mínima. Primeiro, porque ainda não surgiu nenhuma prova concreta de que Trump cometeu algum crime no cargo ou durante a campanha. A suspeita de conluio com os russos para vencer as eleições, por enquanto, afetou apenas alguns de seus assessores. Segundo, porque o julgamento do impeachment é feito pelo Senado, onde os republicanos de Trump detêm a maioria das cadeiras. A deputada democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara, disse recentemente que o impeachment é um tema polêmico e que seria melhor tirar Trump do cargo por meio do voto.


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