A rede de TV britânica Sky News informou na semana passada que partes do corpo do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado no consulado de seu país em Istambul, no início desse mês, teriam sido encontradas na residência do cônsul da Arábia Saudita, Mohammed al Otaibi. Os nomes das fontes, ligadas ao serviço de inteligência da Turquia, não foram revelados. Também a imprensa turca noticiou o fato, creditando a informação ao presidente do Partido Patriótico, Dogu Perinçek: “as forças de segurança do consulado localizaram durante as buscas pedaços do corpo no jardim da casa”. Quer se confirmem ou não tais versões, o certo é que já caiu por terra a versão do príncipe Mohammed bin Salman, segundo a qual a morte de Jamal se deveu a uma briga entre ele e agentes do governo. Está claro que o crime foi premeditado, e a motivação está nas duras críticas que Jamal lhe fazia no jornal “Washington Post”. Salman apostou alto e começa a perder esse jogo macabro. EUA e Inglaterra cancelaram vistos de todos os sauditas envolvidos no episódio. Mais: Salman acreditava que dificilmente os governos americano e de diversos países da União Europeia deixariam de negociar armamentos com seu país. Na quarta-feira 24, pelo menos EUA e Alemanha já anunciavam que adotariam tal medida punitiva.

O morto calçou tênis

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Em uma farsa grotesca, alguém envolvido no assassinato de Jamal Khashoggi planejou o seguinte: um homem sairia do consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde Jamal foi morto, trajando as suas roupas. Assim, câmeras que registraram a entrada do Jamal verdadeiro também registrariam a saída do impostor e ninguém diria que houve um crime. Loucura. Cabelo, feições e óculos são diferentes. Mais: Jamal entrou de sapatos. O farsante saiu de tênis.

Terrorismo
Ameaça de bombas aterroriza os EUA

Jeenah Moon/The New York Times/Fotoarena

Manhattan, EUA, 10 horas da quarta-feira 24. Os âncoras da CNN Poppy Harlow e Jim Sciutto noticiavam os pacotes suspeitos que haviam sido enviados ao escritório do ex-presidente Barack Obama, em Washington, e à residência em Nova York do também ex-primeiro mandatário Bill Clinton e sua esposa, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Os jornalistas estavam, portanto, ao vivo, quando o alarme de emergência soou na emissora. A transmissão foi interrompida. Um artefato com potencial explosivo fora identificado na empresa – entregue por engano porque tinha como destinatário o ex-diretor da CIA John Brennan, que trabalha na NBC. Jim e Poppy voltaram ao ar, mas então já na rua, e continuaram a reportar os fatos. Era o começo de um dia de tensão em todo o país, tensão que começara na segunda-feira com a bomba destinada ao bilionário George Soros. Ainda na quarta-feira, em diversos estados americanos, bombas foram endereçadas a Eric Holder (ex-procurador), Debbie Wasserman (ex-líder do Comitê Nacional Democrata) e Maxine Waters (deputada). Vinte e quatro horas depois, artefatos se destinaram a Joe Biden (ex-vice-presidente dos EUA) e a Robert De Niro (ator). Mais casos eram investigados. Dois pontos chamam atenção. O envio dos pacotes se dá a duas semanas das eleições legislativas que podem tirar de Donald Trump a sua maioria republicana no Congresso. E todos os destinatários são integrantes ou apoiadores do Partido Democrata – novamente alvo, junto com a mídia, das delirantes críticas de Trump. Apesar do número de bombas, até o início da tarde da quinta-feira ninguem se ferira.

Emigração
Brasileiros querem o Canadá

Jazzmxx

O Canadá se tornou o novo destino de brasileiros que não mais acreditam no País. Dados do Consulado-Geral canadense no Brasil são prova disso: em 2015 foram emitidos 1,7 mil vistos permanentes. Já era muito. No ano passado, no entanto, esse número subiu para 2,7 mil – o equivalente a um salto na casa dos 62%. A escalada não parou aí. A crise econômica e social, a desilusão com a política e a Justiça, a falta de emprego e de perspectivas gerais, levaram 2,8 mil brasileiros a requisitarem vistos de permanência ao consulado – isso somente entre janeiro e agosto de 2018. Em média, o Canadá recebe anualmente cerca de 300 mil imigrantes.

ONU
Militares do Brasil não foram à farra no Haiti

Rebecca Blackwell

Enquanto pode, a ONU manteve em sigilo a auditoria interna que realizou ao longo de 2018 para apurar gastos desnecessários de sua Missão de Paz no Haiti. Agora a coisa veio a público: conforme o final da missão se aproximava, em outubro do ano passado, milhares de dólares foram esbanjados em banquetes promovidos por funcionários da entidade. Olhando-se apenas os valores em si, parecem irrisórios: US$ 20 mil gastos em uma festa. Mas os auditores olham para a situação de penúria dos haitianos: 1,3 milhão de pessoas morrem de fome – o dinheiro daria para alimentar muita gente. As tropas militares brasileiras que comandaram a Missão de Paz não participaram de tais eventos.