Até onde irá Bolsonaro? Ou até onde o Brasil vai suportar Bolsonaro? Vivemos a crise mais grave do último meio século, e pior, não temos na Presidência da República um líder, mas sim produto de um processo eleitoral atípico, o de 2018, que levou Jair Bolsonaro ao principal posto do Executivo federal. No seu primeiro ano de mandato cometeu inúmeros equívocos, tanto na política interna, como na economia ou nas relações exteriores. O presidente atacou sistematicamente o Estado Democrático de Direito, mas acabou recebendo respostas tímidas. Entusiasmado frente à frágil resistência encontrada, achou que poderia fazer o que bem desejasse, pois, a sociedade estava anestesiada. Errou, ainda bem – ainda bem para o Brasil. Hoje o país identifica nele o grande problema, superior ao coronavírus.

Por paradoxal que seja, foi necessário chegar ao Brasil a pandemia para que a sociedade tomasse ciência de que não era mais possível ignorar a incompetência, a irresponsabilidade, a inépcia, o reacionarismo de Jair Bolsonaro. Durante meses ele fez com que passássemos vergonha, o Brasil virou motivo de chacota internacional, perdemos a respeitabilidade no campo da política externa. Sua política fez do Itamaraty um mero puxadinho da Casa Branca. A economia ficou estagnada, o discurso supostamente liberal de Paulo Guedes, de transformar os graves problemas nacionais em questões banais, que seriam resolvidas pela privatização e pelo livre mercado, deixariam Stuart Mill envergonhado. A ciência foi rebaixada e a educação foi tomada por incapazes idiotizados à serviço de um indivíduo que se autoproclama filósofo, isto quando encerrou seus estudos na antiga primeira série do curso ginasial. Os direitos humanos foram vilipendiados e as políticas sociais foram desqualificadas, rastaqueras assumiram o poder e transformaram a ignorância em saber, como se vivêssemos, no Brasil, o “1984” de George Orwell.

Foi necessário o coronavírus para o gigante acordar. Agora a tarefa é impedir que o desastre se espalhe. Infelizmente teremos de conviver com milhares de mortos e com a recessão econômica, mas podemos evitar males maiores se nos unirmos. As autoridades da saúde pública estão trabalhando bem e a maioria dos governadores estão seriamente comprometidos em minimizar os terríveis efeitos econômicos. A população entendeu que juntos podemos muito. Vamos sair maiores da crise do que entramos. Mas temos uma tarefa essencial a cumprir: Bolsonaro não pode continuar na Presidência da República.

A sociedade brasileira deve unir forças para alcançar dois propósitos: minimizar os efeitos da Covid-19 e, o mais importante, derrubar o presidente