O segredo da máscara está em uma tintura natural de cor verde. O material, desenvolvido pela empresa Golden Technology em parceria com o Instituto de Química (IQ) e o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), ambos da USP, tem grande capacidade biocida e atua como desinfetante de organismos nocivos que estão no ar. Seu nome é Phitolax, é um corante, e desde o ano passado, vem sendo usado em protetores faciais vendidos no mercado. “Ele funciona como uma água oxigenada, tem um poder redutor, oxigena o vírus e o destrói”, afirma o professor do ICB Edison Durigon, que coordenou os testes com máscaras no Departamento de Microbiologia do ICB, o último deles produzido em abril. Seus inventores estão em processo de requisição de patente, mas os testes feitos entre 2020 e 2021 comprovaram que o elemento biocida tem eficácia de 99,9% durante 12 horas contra a Covid-19 nas variantes Ômicron, Delta, Gama e Zeta, além de eliminar 100% dos vírus de Influenza A e B. “Isso é muito importante porque a gripe é uma doença com alta mortalidade entre gestantes, idosos e crianças”, diz Durigon.

A eficácia do uso de máscaras para impedir o contágio por doenças respiratórias já está mais do que comprovada, mas há uma busca permanente por soluções que melhorem seu desempenho. Além de questões técnicas associadas ao material da máscara como a tripla proteção e da necessidade de homologação do equipamento na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a tendência tecnológica agora é a busca de substâncias ativas que destruam os vírus e outras ameaças microscópicas. Os surtos de Covid-19, assim como acontece com a Influenza, tendem a se tornar sazonais e a proteção facial fará parte do novo normal do transporte urbano, por exemplo, e continuará sendo uma opção de muitas pessoas em situações de aglomeração. Os investimentos no desenvolvimento da Phitolax, que envolve uma rara aproximação entre a universidade e a iniciativa privada na geração de negócios, somaram R$ 2 milhões. “A pandemia obrigou que todo o processo de desenvolvimento acontecesse de maneira muito rápida”, afirma Durigon. “Mas conseguimos fazer com que uma material criado dentro da universidade se tornasse um produto de mercado.”