Fomentada nos ambientes de extrema-direita que proliferam no País e incrementada por Bolsonaro, a comparação entre nazismo e comunismo que anda circulando por aí é falaciosa. Pura armadilha retórica criada por grupos extremistas, inclusive anarcocapitalistas, para alimentar uma falsa narrativa, agora incorporada pelo gabinete de ódio. Tanto que o presidente aproveitou a oportunidade e correu para dizer ser contrário ao nazismo, mas aproveitou a deixa para escancarar sua vontade de eliminação do partido comunista. Os dois caras que fizeram apologia do nazismo, Bruno Aiub, o Monark, e Adrilles Jorge, estavam falando justamente sobre essa comparação entre a possibilidade de existência dos dois partidos antes de serem flagrados em delito. O jogo está claro: o bolsonarismo tenta empurrar goela abaixo da sociedade, como sempre de maneira insidiosa e cheia de malícia, mais uma ideia absurda para a construção de um novo projeto totalitário tropical.

Para começar, o comunismo se aplica a vários países e o nazismo a um só, a Alemanha comandada por Adolf Hitler. O comunismo pode ter um sentido glorioso ou criminoso, o nazismo tem apenas o último, matar o inimigo, que somos todos nós que não somos raça pura, e especificamente o povo judeu. O comunismo é uma teoria que pode ser aplicada de várias formas, o nazismo se auto-explica, tem um único sentido, não é polissêmico. A lista de problemas de significado que envolve a comparação é imensa, mas sua instalação no debate envolve objetivos perversos como sufocar tudo que seja inspirado em ideias igualitárias, especialmente os sentimentos de esquerda que impulsionam um desejo de Justiça para os mais pobres e de prosperidade coletiva. O nazismo tem um projeto de poder orientado para a morte do outro.

Lá em casa, na sua casinha, o brasileiro médio está pensando que as duas coisas podem ser iguais. Mas não são. O nazismo é abjeto sob qualquer aspecto, sob qualquer prisma. E isso não depende muito de ponto de vista, é uma questão semântica. No fundo, esse debate, é um pretexto das hostes bolsonaristas para colocar em pauta a ideia de criminalizar o partido comunista, de colocar minhoca na cabeça de desavisado, de encontrar novas formas de perseguir o amplo leque político da esquerda. Não passa de uma mais experiência lacradora de extremistas desorientados. Comparar o nazismo com o comunismo é uma atrocidade intelectual. É uma comparação marota, no estilo olavista, mais uma jogada suja tirada do esgoto das ideias.