DESAFIO GIANNETTI: “Brasil está para o H2V como a Arábia está para o petróleo” (Crédito:SETCESP)

A ideia de descarbonização do Planeta não tem volta. O compromisso que grande parte da humanidade assumiu em abolir o uso de energia proveniente de uma matriz fóssil, que dispersa carbono na atmosfera e impacta o clima causando aquecimento global, está posta. Para realizar essa mudança, governos e empresas pretendem progredir na utilização do hidrogênio como armazenador de energia e como combustível. Mas como se dá a produção do hidrogênio? Há vários métodos, mas a solução sustentável é quando se utiliza a técnica conhecida por eletrólise. Nesse processo, separa-se o hidrogênio da água utilizando fontes renováveis de energia, como a eólica ou solar. Na sequência, o hidrogênio é colocado em um compartimento para uso posterior. Com essa forma de produção, o gás ganha o nome de hidrogênio verde (H2V). E o Brasil tem imensas vantagens competitivas neste novo negócio bilionário.

O advento do hidrogênio verde permite dizer que passamos por um momento de transição energética, e, ao passo que esse elemento for se consolidando como o combustível substituto das velhas fontes fósseis de energia, todos os setores da sociedade serão modificados: indústria, transportes, empresas que são grandes consumidoras de energia elétrica, e até mesmo o consumo doméstico. No que o mundo depender de fontes de energia renováveis, o Brasil tem o potencial para liderar o mercado de produção do hidrogênio verde, dado a disponibilidade de áreas para construção de parques eólicos e geração de energia solar, essenciais para a eletrólise. No caso da indústria automotiva o ganho é incomensurável. No futuro, além de abastecer o carro com o hidrogênio verde, esse mesmo veículo poderá servir como armazenador de energia e suprir a casa do dono. No Japão, carros à gasolina serão eliminados até 2050. O economista e empresário Roberto Giannetti da Fonseca, que estuda o assunto a fundo e tem atuado como consultor de empresas interessadas na tecnologia, conta que foram feitos testes com carros da montadora Toyota, abastecidos com hidrogênio verde, que se mostraram promissores. “O veículo não faz barulho, tem autonomia de 700 km e poluição zero”, diz. Em relação à capacidade do Brasil de liderar a produção mundial de hidrogênio verde, ele diz que “o País está para o hidrogênio verde assim como a Arábia Saudita está para o petróleo”.

CONSUMO O dono poderá usar o veículo abastecido com H2V como armazenador de energia e para suprir suas necessidades domésticas (Crédito:Divulgação)

No Brasil, empresas estrangeiras querem instalar um pólo de produção de H2V no Porto de Pecém, no Ceará. com investimentos de U$ 5,4 bilhões. O hidrogênio é o primeiro elemento da tabela periódica e o mais abundante do mundo, mas ele não está disponível em sua forma molecular isoladamente, só junto a outros elementos: biomassa, metano e água. A principal forma de produção ainda é a partir da utilização de combustíveis fósseis. Nesse processo, o hidrogênio é chamado de “marrom”. O desafio é substituir esse gás sujo pelo H2V. A União Europeia promete criar uma cadeia de valor para fornecer o hidrogênio 100% verde até 2030.

“A utilização do elemento foi a rota energética escolhida pela Europa e vai crescer no Brasil”, afirma Luiz Piauhylino, sócio-diretor da KWP Sunlution, empresa participante de um grupo internacional que quer desenvolver a tecnologia no País. O futuro do H2V é promissor.

SUSTENTABILIDADE Veículos movidos a hidrogênio têm motores elétricos, grande autonomia, não fazem barulho e não poluem