Com dificuldade para escolher o prefeito de São Paulo, alguns eleitores da Escola Estadual João Doria, no Itaim Paulista, extremo da zona leste, resolveram votar no candidato do PSDB por causa do nome. Para eles, o colégio, batizado em homenagem ao pai de João Doria Júnior, seria um sinal de que o tucano estaria ligado à educação.

João Doria, o pai, foi deputado federal cassado pelo golpe militar de 1964 e publicitário criador do Dia dos Namorados no Brasil. João Doria, o Júnior, é empresário, afilhado político do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e candidato pela primeira vez a um cargo no Executivo. Já a escola do Itaim Paulista está localizada no chamado “cinturão vermelho”, área da periferia da cidade que registra apoio histórico ao PT.

No domingo, 2, porém, o colégio foi local de votação de muitos moradores descontentes com o partido. Com duas filhas que estudaram no João Doria, a cuidadora de idosos Maria de Lourdes dos Santos, de 60 anos, resolveu apoiar pela primeira vez o PSDB em uma eleição. “Votei no Doria por causa da escola, que é ótima. Serviu para as minhas filhas e vai servir para os meus netos”, justificou.

Moradora do Itaim há 28 anos, Maria de Lourdes disse que associou o colégio ao candidato “por causa do nome” e acredita que o tucano pode melhorar a educação da região. “Já tem essa escola aqui. Se ele ganhar, pode fazer muito mais.”

A interpretação era compartilhada pelo serralheiro Natalino Silva, 61 anos, e pela mulher dele, a aposentada Lúcia Silva, 63 anos. “Meu sobrinho estudou aqui, agora está casado e com a vida encaminhada. É claro que a gente pensa nisso na hora de votar”, afirmou Lúcia. “O PT já foi forte aqui, mas não é mais. Nossa esperança é de que Doria faça coisas boas por nós”, concordou o marido.

“Sempre fui petista”, disse Shirley Oliveira, 43 anos, que, além de morar na região trabalha na equipe de limpeza da escola estadual. “Mas hoje eu vim preparada para votar no Doria. Ele é muito educado e parece ser correto”, comentou. O planejamento, no entanto, acabou dando errado. “Eu esqueci o número dele na frente da rua. Aí votei no Haddad.”

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Para outros eleitores, o nome do local de votação não pesou na hora de escolher o candidato – mesmo quando o voto era dedicado a Doria. “Ele trouxe propostas novas para melhorar a cidade”, disse o cabeleireiro Gilvan Ribeiro, 46 anos. “Outros candidatos já tiveram chance. Ele é o novo.”

A dona de casa Francisca Pereira, 45 anos, afirmou que optou pelo PSDB após assistir aos debates. “Antes, eu pensei em votar em Russomanno, mas Doria me convenceu”, disse. “Tem de mudar.”

Ocupação

A João Doria também foi uma das escolas ocupadas por estudantes que fez a gestão Geraldo Alckmin recuar da reorganização da rede de ensino em 2015. A proposta previa o fechamento de 92 unidades na cidade de São Paulo.

No domingo, 2, ainda era possível ver as marcas da ocupação, com pichações espalhadas pelo prédio de três andares. “#OcupaDoria” e “Sair daqui? Só com o FBI”, diziam algumas das mensagens. Há também grafites – expressão que, no último debate para Prefeitura, foi considerada arte, e não vandalismo. Um deles, no salão de entrada, recepciona diariamente os estudantes da João Doria. “Direito tem quem direito anda.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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