O fracasso do governo afegão apoiado pelos Estados Unidos e a vitória do grupo fundamentalista Talibã devem provocar, na hipótese menos pessimista, uma onda de milhares de refugiados que tentarão imigrar em direção ao Ocidente. O drama dos refugiados afegãos é antigo: mais de 300 mil vivem na Turquia, onde chegaram nos últimos anos. Embora o avanço decisivo do Talibã sobre Cabul tenha acontecido em 15 de agosto, o grupo islâmico já dominava amplas áreas do Afeganistão rural há anos.

A vitória do Talibã sepultou na Ásia Central os sonhos da era Bush, quando os EUA ainda podiam se dar ao luxo de torrar US$ 1 trilhão em uma guerra em um país remoto. O mundo de hoje está muito mais interligado do que em 2001. Atacada brutalmente em 11 de setembro daquele ano, a América respondeu de forma descomunal.

Coube ao presidente americano Barack Obama, após dez anos de guerra, aniquilar o que restava da rede terrorista Al-Qaeda no Afeganistão e eliminar Osama bin Laden no Paquistão. A partir dali, a guerra se prolongou desnecessariamente, cobrando milhares de vidas. O legado do Afeganistão, provavelmente, será mais um onda de dezenas de milhares de refugiados que tentarão bater às portas do Ocidente. É um dever moral dos Estados Unidos recebê-los.