A escancarada vontade ditatorial do presidente Jair Bolsonaro só pode ser contida de uma forma: com chumbo grosso, com o chumbo do impeachment. Seu menosprezo pela democracia e seu estímulo feroz ao fechamento do STF não poderão passar batido pelas instituições brasileiras. Está chegando a hora de derrubá-lo, de acabar com sua jornada macabra à frente do governo.

O presidente escancarou o seu projeto golpista e precisa ser contido. No discurso para seus seguidores em Brasília, hoje de manhã, ele voltou a ameaçar o tribunal e, com os sofismas de sempre, disse que não aceitará que qualquer autoridade tome medidas ou assine sentenças fora das quatro linhas da Constituição.

“Não podemos continuar aceitando. Ou o chefe desse Poder enquadra o seu (ministro) ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse, referindo-se ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, e ao principal desafeto dos bolsonaristas, o ministro Alexandre de Moraes.

Quem está ultrajando a Constituição é Bolsonaro, quando cogita a possibilidade de intervenção autoritária em outro poder. O que o STF tem feito é controlar seus desvarios antidemocráticos e combatido as iniciativas dos seguidores do presidente, que inundam as redes sociais de mentiras e de ameaças à democracia e ao judiciário. Os bolsonaristas falam em direito de expressão e opinião, mas o que o presidente propõe está muito longe disso. Ele quer uma ruptura com as regras do jogo e isso não será permitido.

O circo do Sete de Setembro só serve para Bolsonaro jogar uma cortina de fumaça sobre as acusações que pesam sobre ele e escamotear o alto índice de rejeição (64%) que sofre. Na sua mente doentia, a melhor defesa é o ataque. Mas a reação será inevitável. Que o STF abra uma investigação imediatamente sobre as ameaças proferidas por Bolsonaro nas manifestações de hoje.

Alguns chamam os impropérios e desvarios do presidente e suas ameaças à democracia de meros arroubos retóricos. Mas Bolsonaro é um agitador político de extrema-direita, um sujeito incansável no seu objetivo de concentrar o poder e implantar um regime de exceção no Brasil. Ele já é alvo de mais de 120 pedidos de impeachment que chegaram às mãos da presidência da Câmara. Até agora apenas seis pedidos foram arquivados.

Há, portanto, muita lenha para queimar e boas possibilidades de interromper a sua trajetória diabólica. E não faltam motivos para tirar um deles da gaveta e dar um basta nesse governo aterrorizante. As instituições precisam reagir. E todos os democratas também.