Ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner tem vivido em reclusão desde que deixou a Casa Rosada, em dezembro. Na maior parte desse tempo, ela ficou entre Río Gallegos e El Calafate, na província de Santa Cruz, seu antigo reduto eleitoral e local onde é dona de hotéis de luxo. Mas, na semana passada, ela quebrou essa rotina e voltou à capital, Buenos Aires, para comparecer ao tribunal Comodoro Py numa audiência que decretou o bloqueio de todos os seus bens. Cristina é investigada pela venda de dólares no mercado futuro realizada pelo Banco Central argentino durante seu mandato e que causou prejuízo bilionário à autoridade monetária. “Essa perseguição chegou a níveis ridículos”, declarou, na quarta-feira 6. “São denúncias absolutamente falsas”. A ex-mandatária compareceu ao tribunal três horas depois do horário inicialmente determinado pelo juiz Claudio Bonadío, para evitar o constrangimento de cruzar por lá com o empresário e ex-amigo Lázaro Báez, preso por lavagem de dinheiro e que depôs no mesmo dia.

Báez, que, nos anos de kirchnerismo, ascendeu de contador do Banco Santa Cruz para se tornar um dos empreiteiros mais importantes do país, é apenas uma das figuras ligadas a Cristina que está agora sob a mira da Justiça. Há um mês, o ex-Secretário de Obras Públicas, José López foi protagonista de uma cena absurda ao ser flagrado de madrugada enterrando sacolas de dinheiro num convento e também está preso. Julio Vido, ex-ministro do Planejamento, e Ricardo Jaime, ex-secretário dos Transportes, completam a lista de investigados ao lado de outros ex-funcionários acusados por irregularidades, superfaturamento e corrupção. Nas últimas semanas, dezenas de imóveis de Cristina foram alvos de busca e apreensão. Para ela, tudo não passa de uma estratégia midiática para não se discutir os verdadeiros problemas do país causados pela administração de seu sucessor, Mauricio Macri. “O que nunca vão poder esconder são as consequências de um plano econômico que só distribui pobreza aos trabalhadores”, escreveu em seu perfil no Twitter.

CORRUPÇÃO: nas últimas semanas, ex-ministros e ex-aliados dos Kirchner foram presos