Por CARLOS JOSÉ MARQUES

O que aconteceu? As boas notícias estão voltando, aos poucos, mas estão. E os críticos contumazes que previam o caos com o governo Lula, ressabiados, apenas se calam. Nada de admitir que estavam errados. Nem pensar em aplaudir conquistas que se desenham no horizonte. O dólar desceu ao menor patamar dos últimos tempos, a Bolsa volta com consistência e perspectiva de subir ainda mais, no rastro de negócios que estão para acontecer, a inflação evoluiu em patamares menores do que os desenhados e o desemprego está baixo ­— pode e deve descer ainda mais, porém se acomodou em níveis bem inferiores aos daqueles de tempos recentes. Não apenas nos indicadores como também nos movimentos, o Brasil parece ter superado uma fase aguda de dificuldades e tende a avançar, embora mesmo alguns senhores do capital teimem na ladainha de que tudo está ruim, muito mais por sua antipatia ideológica do que por qualquer outra coisa. Deveriam, como seria esperado, estar pragmaticamente preocupados com os resultados de seus negócios e, na verdade, são capazes de arriscar até isso em nome do sentimento passional que os move. “Não gosto e não gosto, ponto final”, estabelecem, assim, como impulso de garotos birrentos. Enquanto isso, as discussões sobre o arcabouço fiscal, que deve dar uma nova cara à administração do dinheiro público, evoluem. As benfeitorias e programas na área social, idem. Lula, por mais inesperado que pudesse indicar, parece ter conseguido também uma base de sustentação sólida no Congresso com a quebra do Centrão e a costura de uma outra frente parlamentar, ampla e multipartidária para lhe emprestar o aval necessário — com a promessa nesse sentido manifestada pelo próprio “capo” da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. As coisas vão bem no plano das relações do Executivo com o Legislativo para a surpresa de muitos — se não de vento em popa, ao menos no rumo certo. Na fronteira externa, o que o Brasil conquistou de aval, e de gordos contratos, após a rentável caravana econômica do presidente até à China, fica para os anais como uma das mais bem-sucedidas missões em décadas. Uma coletânea superior a 20 contratos de investimentos em áreas diversas, na casa dos bilhões, englobando de satélites à fabricação de carros, além de acertos estratégicos com esse que já é seu maior parceiro comercial, transportam o País para um outro patamar internacional, como player de destaque no concerto das nações. Até os EUA temeram tanta proximidade dos dois interlocutores, Lula e Xi Jinping, com a sinalização apontada pelo demiurgo de Garanhuns de que China e Brasil – induzindo os demais a fazerem o mesmo – poderão até fechar acordos comerciais descartando o dólar como parâmetro e moeda de troca. Seria um baque e tanto na importância do dólar norte-americano como valor de referência. Não há mais dúvida, Lula traça caminhos e abre espaços como pode, em meio a um mar de resistência de opositores que continuam em polvorosa, buscando brechas para jogar pedras e demolir qualquer projeto de retomada do desenvolvimento. Enquanto a turma do contra esperneia, evolui também a esperada reforma tributária com a unificação de impostos em torno do IVA, modelo que deve igualar o Brasil aos mercados mais avançados praticantes de padrão semelhante. Com a troca de mandatário, governar vai ganhando de volta o conceito essencial. Nada de motociatas, agitações na rua, “cercadinho” e pregações insanas contra a ciência, cultura, educação ou saúde. O Brasil viveu tanto tempo, nos últimos quatro anos, mergulhado na ignorância que o “detox” da volta à civilidade causa até estranheza. Os cidadãos respiram de novo o clima de tranquilidade. Importante reaver reuniões oficiais voltadas para o que realmente importa, temáticas de projetos estratégicos para a melhoria de vida e soluções de problemas. Reconfortante observar que as discussões do momento em Brasília não se concentram mais em conceitos ideológicos, mas, sim, em busca de alternativas para consertar o que estava errado. As boas novas estão apenas no começo e, se os torcedores do contra deixarem, outras com certeza virão.