O pagamento com dinheiro ou cheque virou coisa do passado. E a evolução dos meios de pagamentos eletrônicos começa a deixar para trás até mesmo os cartões de débito e de crédito. Novas tecnologias ganham espaço no Brasil e causam uma verdadeira revolução nas compras. Hoje, com o sistema por aproximação conhecido como NFC (da sigla em inglês Near Field Communication), as pessoas conseguem pagar com os próprios celulares ou relógios equipados com um chip especial. E a evolução continua a todo vapor, tanto que já se fala na próxima onda, com o avanço dos sistemas de leitura de QR Code, como ocorreu na Ásia, e também em pagamentos instantâneos, mais conhecidos como a “tokenização”, quando é gerado um número aleatório para cada operação.

MUDANÇA Pagamentos por aproximação com celulares ou relógios são feitos por 5 milhões de brasileiros mensalmente (Crédito: PeopleImages)

Mais conveniência

Representantes do setor de cartões e da indústria de equipamentos trabalham no desenvolvimento de aplicações, mas todos são unânimes em dizer que quem escolherá a forma mais conveniente será o próprio cliente. A designer Marcela Miranda, por exemplo, diz que no começo não utilizava muito o pagamento pelo celular, mas com a evolução do sistema ela começou a se sentir mais confortável para usá-lo com freqüência. “No começo eram poucas as lojas que aceitavam, porque as máquinas não tinham essa função liberada e nem os funcionários sabiam como usar”, afirma Marcela. “Com aumento da divulgação comecei a me sentir mais segura para pagar assim e, hoje, quando saio para almoçar no trabalho ou caminhar com meu cachorro eu só levo o celular”, afirma Marcela.

A maneira como o brasileiro realiza suas transações é cada vez mais influenciada pelas novas tecnologias, especialmente nas compras pela internet e com o uso de aplicativos, como mostra uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A pesquisa aponta que no terceiro trimestre de 2019, o valor transacionado por pagamentos eletrônicos em geral subiu 18% se comparado com o mesmo período de 2018, movimentando R$ 1,31 trilhão. De janeiro a setembro, os brasileiros fizeram 15,9 bilhões de transações com cartões. Só em setembro de 2019 o pagamento por aproximação com celular, relógio ou pulseiras foi feito por cinco milhões de usuários, cerca de 10% do total e o dobro do número registrado em setembro do ano anterior. O avanço foi tão significativo que a entidade que representa o setor criou um grupo especial para discutir as inovações de pagamento. Na pauta do Comitê de Transformação Digital da Abecs estão, além dos pagamentos por proximidade, assuntos como internet das coisas (ou IoT da sigla em inglês), blockchain e realidade virtual. “Acreditamos que até o final de 2020, o NFC deve se firmar como a tecnologia mais conveniente, especialmente em ambientes como fast food e no transporte público”, diz a Abecs.


O presidente da Visa, Fernando Teles, afirma que cada mercado vai evoluir de uma maneira. Segundo ele, na China, onde o cartão não era tão utilizado, o QR Code explodiu porque trazia uma conveniência que não havia antes. “Já no Brasil, onde se o cartão é muito utilizado, o cliente pode preferir a aproximação ou a tokenização”, acrescenta. Para o presidente da Mastercard Brasil, João Pedro Paro Neto, a escolha do consumidor dependerá da experiência que tiver. “Tudo depende da conveniência. O QR Code é um dos pagamentos que mais cresce no mundo, quase o dobro do normal. Mas também é mais sujeito a fraudes. Cada país tem sua característica e no Brasil não há dificuldades para o pagamento eletrônico”, afirma. Independentemente do sistema escolhido, a aposta geral do setor é de que as novas tecnologias ainda vão crescer muito e facilitar o acesso da população aos serviços bancários.