Leio que o vice-presidente Hamilton Mourão declarou que a CPI da Covid está trazendo de volta muitos políticos do passado que “reaparecem vestindo camisola nova, de virgem”. Entendo que Mourão não dê sua total anuência à CPI, afinal de contas é o seu capitão presidente o foco das atenções. Mas, Mourão, convenhamos: há general que está fugindo da CPI porque no caso dele sequer a camisola nova vai funcionar. Com camisolão velho e surrado ou camisolão novinho em folha de virgem, ele está nu – faz pose de rei, infla o peito, mas esse rei está nu diante de tantas omissões e atitudes que levaram o País ao descalabro na pandemia.

Leio também que bolsonaristas concordam com a ação da polícia do Rio de Janeiro, que promoveu uma carnificina na favela do Jacarezinho – e não importa se entre os vinte e oito mortos há traficantes ou não, o crime tem de ser combatido, é claro, mas dentro do Estado de Direito. Combater o crime com a tática do criminoso é ser igual a ele – e não resolve absolutamente nada, apenas joga os moradores das comunidades, cada vez mais, nas mãos das milícias e dos traficantes.  Vale lembrar que o Estado, legítimo e legal, perdeu espaço para o chamado Estado paralelo, por omissão do primeiro. Execução é pena de morte e no Brasil, constitucionalmente, não há pena de morte — a exceção é para militares traidores ou fujões. Fujões de guerra, é claro, não de CPIs.

Leio, ainda, que a polícia civil do Rio de Janeiro vai investigar o massacre que uma das alas da própria polícia civil promoveu. Ou seja: teremos “Marielle, Parte 2”. Até hoje, e lá se vão quatro anos, a polícia civil do Rio de Janeiro não descobriu os mandantes da execução da vereadora.