O nome da senadora Simone Tebet passeou um pouco pela Esplanada dos Ministérios antes da definição tomada nesta terça-feira, 27, com ela assumindo a pasta do Planejamento e Orçamento. Merecedora de boa recompensa pelo apoio fundamental a Lula no segundo turno da eleição, ela queria a Educação, que ficou para Camilo Santana. Depois, a opção era a pasta de Desenvolvimento Social, mas o PT não quis entregar à senadora do MDB o controle do ministério que cuida do Bolsa Família, uma poderosa carta no jogo eleitoral. O escolhido para o cargo foi Wellington Dias, nome histórico do PT. Veio então a ideia de dar o Meio Ambiente para Tebet, o que taparia um buraco mas abriria outro, para encaixar no governo aquela que desde antes da eleição era considerada a herdeira natural da pasta, Marina Silva. Então sobrou para Tebet o Ministério do Planejamento, mas ela só aceitaria se o trabalho da pasta fosse além das contas para formar o orçamento da gestão Lula.

Na reunião que definiu sua participação no governo, em Brasília, Tebet já foi à mesa conhecendo o organograma completo do Planejamento, entregue a ela na última sexta-feira, 23, e quis ouvir algumas garantias de uma atuação mais ampla da pasta. Ela queria algo que repercutisse mais junto aos eleitores do que a configuração do antigo Ministério do Planejamento, extinto por Bolsonaro em 1º de janeiro de 2019. Para convencer Tebet disso, a reunião contou com Lula, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o novo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Tebet não conseguiu ter dentro da pasta os bancos públicos, como Caixa e Banco do Brasil, mas terá o controle do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), o que não é pouca coisa e numa configuração inicial estaria subordinado à Casa Civil.

Se Tebet foi ao encontro já conhecendo a estrutura do ministério, a conversa teve outro foco de alguma tensão. A pasta do Planejamento e Orçamento surgiu na divisão do Ministério da Economia, comandado sob Bolsonaro por Paulo Guedes, em quatro pastas: Planejamento, Fazenda, com Fernando Haddad, Gestão e Inovação, entregue a Esther Dweck, e Indústria e Comércio, que terá o vice-presidente Geraldo Alckmin no comando. Mesmo uma pessoa com pouco conhecimento do jogo político e econômico entende que Haddad tem um protagonismo dentro desse quarteto, então a reunião com Tebet foi dedicada a acertar que a posição mais liberal dela à frente do Planejamento não baterá com a política econômica que Haddad quer tocar na Fazenda.

Após a posse de Lula e dos ministros, no próximo domingo, dia 1º, o detalhamento do alcance das atribuições concedidas a Simone Tebet deve dar mais condições para prever como será essa relação com Fernando Haddad.