O governo e o ex-grupo rebelde convertido em partido de oposição em Moçambique, país para onde o papa viajará na quarta-feira, assinaram um acordo no mês passado que deve encerrar um conflito de mais de 40 anos.

Pouco após sua independência, em 1975, esta ex-colônia portuguesa mergulhou numa mortífera guerra civil.

Os combates entre o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) deixaram mais de um milhão de mortos até a assinatura de um tratado de paz em 1992.

A Renamo, que virou o principal partido de oposição, voltou às armas em 2013 para denunciar o controle do país pela Frelimo, no poder sem interrupção desde a independência.

O líder histórico do grupo, Afonso Dhlakama, entrincheirado nas montanhas do centro do país, declarou um cessar-fogo unilateral em 2016 e iniciou negociações com o governo do presidente Filipe Nuysi.

Os dois homens rapidamente concordaram em realizar uma reforma de descentralização que permitiria à Renamo controlar várias províncias, mas negociações tropeçaram em várias ocasiões na questão do desarmamento dos combatentes da Renamo.

Após a morte de Dhlakama em 2018, seu sucessor, Ossufo Momade, retomou as negociações, que finalmente levaram à assinatura de um acordo de paz, em 6 de agosto em Maputo.

Moçambique não será “nunca mais o cenário de uma guerra”, prometeu o presidente Nyusi. Por sua parte, Momade cumprimentou “o início de uma nova era”.

Sob este texto, alguns dos combatentes desarmados da Renamo serão integrados ao exército e à polícia nacional, e outros retornarão à vida civil graças à assistência financeira.

No total, 5.221 membros do braço armado do partido devolverão suas armas.

Mas, apesar deste acordo, a paz em Moçambique permanece frágil, menos de dois meses das próximas eleições gerais, nas quais a Frelimo e a Renamo vão participar.

Mas, dias depois da assinatura do acordo, o partido de oposição acusou o governo e a polícia de estar por atrás de várias agressões contra seus integrantes.