A economia brasileira mostra sinais evidentes de que deixou para trás os anos de incertezas, irresponsabilidade e índices fora de controle. Contrastando com o lamentável cenário político, imerso em um lamaçal de denúncias e investigações de corrupção, um conjunto de indicadores demonstra que há expectativa de bom desempenho em setores decisivos para a retomada do crescimento. Já se fala em um aumento do Produto Interno Bruto de 1% neste ano, o dobro do que se imaginava no auge da crise. Os dados do Ministério da Fazenda confirmam que julho e agosto foram melhores do que os meses anteriores e projetam a volta do interesse de investidores sobre o potencial brasileiro. Duas condições foram fundamentais para garantir o bom desempenho: a inflação, que em 2015 atingiu 10,7%, agora hoje está em apenas 2,46%; e a taxa de juros básica, a Selic, que deve encerrar o ano em 7% – o menor patamar da série histórica. “Quando a inflação baixa rapidamente provoca uma alta no consumo”, afirma Fernando Sampaio, diretor de macroeconomia da LCA Consultores. A prova é que setores da economia que estavam estagnados já exibem bons resultados. O segmento de comércio e serviços foi o principal responsável pela alavancada econômica no segundo semestre.

Com o consumo menos sensível à instabilidade política, pode-se afirmar que a economia encontrou um caminho de prosperidade – e dessa vez, sem volta. “Esses números sinalizam que os parâmetros estão bem controlados e a equipe econômica está fazendo um bom trabalho”, afirma Paulo Azevedo, professor de estratégia financeira do Ibmec-SP. No primeiro trimestre, as exportações do agronegócio impactaram positivamente no crescimento. A partir do segundo trimestre, a demanda interna estimulou as vendas no comércio e consolidou a tendência de recuperação. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a indústria automobilística teve em agosto o melhor resultado dos últimos 20 meses. No acumulado do ano, as vendas somaram 1,2 milhão de veículos, 5,3% a mais em relação ao período de janeiro a julho do ano passado. “O setor de bens duráveis, especialmente o de automóveis, é o que mais sente os impactos da melhora no poder de compra do brasileiro”, afirma Joelson Sampaio, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FVG).

Grau de investimento

Com esses resultados, é possível que as agências de classificação de risco melhorem a nota do Brasil, o que permitirá a volta dos investimentos de fundos internacionais. Esse quadro anima empresários em relação à conjuntura nacional. “A fase crítica da crise ficou para trás. Ainda temos desafios, mas a volta do investimento, a queda da inflação e a retomada do emprego oferecem condições para sermos confiantes”, afirma Jorge Nasser, diretor-geral da Bradesco Vida e Previdência e da Bradesco Capitalização. A perspectiva otimista se explica, em parte, por uma demanda retraída de empresas que estavam cautelosas para aplicar o dinheiro. Hoje, porém, há oferta e condições para o investimento.

Outro termômetro que ajuda a medir a confiança do mercado é o índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo. Na semana passada, o Ibovespa teve altas por três pregões seguidos, atingindo o recorde histórico de 74.797 pontos. O pico anterior havia sido em maio de 2008, com 73.516 pontos, exatamente quando o Brasil conquistou o grau de investimento junto às agências de risco. “Isso se explica pelo desejo de investidores internacionais em países emergentes, pelo otimismo com as reformas no País e pela diminuição das ameaças ao governo Temer”, diz Azevedo, do Ibmec-SP. Até a taxa de desemprego, o último dos indicadores a apresentar sinais de melhora, registrou evolução, ficando em 12,8% no trimestre encerrado em julho, segundo dados do IBGE. O recuo foi de 0,8% em relação ao trimestre terminado em abril. “Embora o indicador não tenha apresentado uma taxa clara de queda, o número de vagas existentes parou de diminuir”, afirma Sampaio, da LCA. “Há três meses não conseguiríamos imaginar que o País apresentaria os resultados que mostra hoje. Se num cenário turbulento conseguimos atingir esse patamar, pode-se imaginar quando os ventos estiverem a nosso favor”, afirma Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Vivo.

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