Passeio e admiro a Avenida Paulista.

Contemplo toda sua beleza (pobre daqueles que não as vê)

Pessoas pretas, brancas, gays, lésbicas, trans, sulistas, nordestinos, nortistas caminham por ela

Como fundo musical escuto o grupo que toca heavy metal com integrantes da banda em “total Black” que o caracterizam. Sigo o som diferente e contrastante e me aproximo da outra esquina, na qual a banda de forró toca o tradicional repente nordestino e cantores também utilizam as vestes que o caracterizam: chapéu de cangaceiro etc.

Fico atento para desviar dos ciclistas que dividem por sua vez a ciclovia com atletas corredores (de fim de semana ou não). Por minha vez, círculo ao centro da via interditada, em meio a milhares de transeuntes que também se deleitam com tal oportunidade.

Observo a miscelânea arquitetônica: desde o Conjunto Nacional (joia da arquitetura moderna paulista dos anos 50), passando pela joia Brutalista, O Masp, de Lina Bo; e imagino o cenário da Avenida Nos Áureos Tempos do café ao chegar à Casa das Rosas.

Ainda ali, observo o Grafite na empena de um prédio, que homenageia Oscar Niemeyer (Pintado por Kobra).

Cheiros de comidas diversas, mesclam-se perfume de incensos de Palo Santo.

Andar pela Avenida Paulista é sentir o sabor do Brasil que eu gosto.

Um povo mesclado, feliz e tolerante entre si.

Com vasta, rica e diversa cultura.

Permeado a tudo isso, exposições acessíveis a todos.

No Instituto Moreira Salles, exposição do fotógrafo Walter Firmo que registra sobre a forma de arte, a sua negra cor (como diz a apresentação da mostra): artistas anônimos, fotos posadas ou registros casuais foram registrados pelas suas lentes.

Ali vejo um pouco do meu Brasil.

Mais adiante, chego à Fiesp e por ali me deparo com a exposição, gratuita, do mestre da Xilogravura, o pernambucano J. Borges. O artista de Bezerros que já expôs sua obra brasileira pernambucana nos mais diversos países (China, França, EUA, Japão) traz sua arte e seus cordéis do sertão de Pernambuco para a cidade que nunca para.

Chegando ao Itaú Cultural, me deparo com outra exposição raiz. A do Bispo do Rosário. O Louco que de louco nada tinha, e desconstruía aquela triste realidade reconstruindo-a sob a forma de arte.

Me explico, Bispo utilizava tecidos e outros objetos do quotidiano do sanatório em que estava internado e criava arte. Muitas delas bordando frases e palavras.

As mesmas palavras que são bordadas pelo “louco” Bispo são as que faltam a tantas pessoas   “normais” que se digladiam nos dias de hoje (e observamos tais desinteligências pelos jornais).

Pouco mais à frente, coincidência ou não, exposição (também gratuita) na Japan House, sobre Fios e Tramas

O Espaço projetado por Kengo Tuma é casa da cultura japonesa em São Paulo. Traz a Exposição chamada Kumihimo: arte do trançado japonês com Seda.

Uma técnica de 5 a 6.000 anos atrás. Sua estética é filosófica. Um cordão pode ser combinado (e tramado) a outros 2, 4 ou 8 gerando diferentes e belos Trançados.

E ali se vê a beleza da diversidade.

Por fim, concluo visitando o Masp. E ali me delicio não apenas observando o 1º andar com as obras históricas e maravilhosas adquiridas por Chateaubriand com o olhar apurado de Pietro Maria Bardi. Monet, Degas, Cezane, Portinari, Volpi e tantos outros. (Acervo que faz frente aos melhores museus do mundo)

O Masp ainda abre espaço para pintores da atual geração, como a obra de Luiz Zerbini . Em telas pintadas especialmente para a exposição, o artista revisita (de forma crítica) pinturas históricas, referente a guerras, batalhas, independências e abolições.

Ainda no Masp exposição d0 pintor Yanomami Joseca e seus registros sobre hábitos de seu povo, seu quotidiano, suas lendas; e de Dalton Paula, que busca ressignificar os Retratos, forma típica de expressão do ocidente e em geral utilizada para registros das elites. Na exposição Dalton cria “cara” para personagens negros, da história brasileira os quais não tiveram nenhuma representação visual.

E assim finalizo o meu Domingo, leve e feliz.

Com tanta cultura, arte, tolerância.

E reflito; que saudades desse Brasil.

Que foi e será sempre assim.

Para saber mais:

https://masp.org.br/exposicoes

https://ims.com.br/programacao/#sao-paulo

https://www.japanhousesp.com.br/exposicao/kumi-himo/

https://www.fiesp.com.br/?temas=cultura