Na última terça-feira, 25, os Estados Unidos pararam para homenagear George Floyd, homem negro assassinado há exatamente um ano por um policial branco. Desde o ocorrido muita coisa mudou. O país aprendeu com a tragédia. Prova disso foi o gesto solidário do presidente Joe Biden, que recebeu a família de Floyd na Casa Branca e discutiu projetos de reforma nas polícias dos EUA. Ele trabalha para curar as feridas do racismo. Mas por que isso não acontece no Brasil?

Há três semanas, exatamente no dia 6 de maio último, a chacina na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, chocou o país, mas parece que ninguém em Brasília viu. O descaso com os pobres e pretos brasileiros é assustador. Não importa se o Fórum Brasileiro de Segurança Pública informa periodicamente que quase 80% das vítimas de intervenções policiais que morrem são negras. Não importa se casos explícitos de racismo viram manchete diariamente. Não importa se o povo clama por mudanças.

Em 2008, Barack Obama se tornou o primeiro presidente negro dos EUA e adivinha quem era seu vice? Joe Biden. O atual presidente aprendeu com Obama a olhar com cuidado para o drama da discriminação e essa empatia reflete-se hoje em sua postura assertiva em relação aos problemas da população preta. Ele entendeu que não adianta apenas falar que o “racismo existe” se nada efetivamente é feito para combatê-lo.

Em mais de dois anos de mandato, o presidente Jair Bolsonaro jamais se solidarizou com casos de racismo e chacinas contra os pretos no país, mais de 50% da população – e é provável que isso nunca aconteça. O problema não é apenas ele. A maioria dos ocupantes dos cargos públicos de Brasília não cria leis severas para reduzir a desigualdade e legitima uma espécie de genocídio contra a maioria de seus eleitores. Quem sabe isso possa começar a mudar quando o Brasil eleger um presidente negro, como aconteceu nos EUA.