A irresponsabilidade política de Jair Bolsonaro permanece como a principal marca do seu caótico governo. Não há plano, quiçá um projeto de governo. Tudo é realizado de forma improvisada, como se estivesse administrando o quartel dos Trapalhões. Os ministros são patéticos. Não há um — somente um — que se salva. Durante uns meses, tendo em vista a irracionalidade dos outros, Teresa “boi bombeiro” Cristina foi alçada à categoria de uma boa ministra, Boa entre os pacientes do Charcot bolsonarista. Tarcísio de Freitas tem se notabilizado por inaugurações dignas de Odorico Paraguaçu. Já descerrou placas de inaugurações de bicas, pequenas represas, canais sem água permanente e obras concluídas em governos anteriores. Lembra um pouco aquele zagueiro que chega sempre atrasado nas divididas e nunca consegue ficar com a bola. É o ministro “déjà vu.”

O ministro Tarcísio de Freitas tem se notabilizado por inaugurações dignas de Odorico Paraguaçu

Bolsonaro entende a administração pública como um exercício de flexão, aqueles realizados por militares ociosos nos quarteis, sempre esperando uma guerra que nunca vai ocorrer, uma espécie de “O Deserto dos Tártaros” de Dino Buzzati. Em meio a brincadeiras de boteco à beira de uma estrada perdida, ele decide o destino de 210 milhões de brasileiros. É um inapto, um parvo que devido a uma conjuntura muito especial alcançou a Presidência da República. O drama é que não vivemos um momento de calmaria política, econômica ou sanitária que permitiria ao gajo empurrar com a barriga durante quatro anos os graves problemas nacionais. Não! Vivemos a pior crise sanitária dos últimos cem anos, há uma década que registrou o pior crescimento do PIB da história republicana, a maior taxa de desemprego já contabilizada, a um isolamento diplomático que transformou o Brasil numa África do Sul na época do apartheid.

Até quando o Brasil vai suportar Bolsonaro na Presidência da República. Até quando? Quando assumiu o governo éramos a oitava economia do mundo. Hoje somos a décima segunda. Estamos chegando a 170 mil mortos — número dramático e que poderia ser maior se não fosse à ação corajosa de prefeitos e governadores que enfrentaram a conspiração urdida contra o Brasil e sua população. Bolsonaro banalizou a barbárie. Chegou a comemorar — usando criminosamente a Anvisa — o efeito adverso em um participante do grupo que recebeu a vacina Coroavac-Butantan — que não teve relação com o experimento. Os brasileiros não podem se acostumar às ações antinacionais e antirepublicanas. Já passou da hora de conclamar: fora Bolsonaro!


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