O derretimento dos mercados argentinos com a vitória da chapa opositora liderada por Alberto Fernández nas primárias eleitorais dá um bom sinal do risco que o Brasil corre caso a pauta liberal, de privatizações e reformas, não venha a ser efetivamente adotada nos próximos anos. O atual presidente Mauricio Macri não conseguiu cumprir seus planos econômicos e a resposta da população veio com o aval ao candidato kirchnerista de maneira implacável e tremendamente custosa ao PIB local. O cenário hoje é de hecatombe. Para conter a alta do dólar com a má notícia, o governo teve de elevar os juros ao astronômico nível de 74% e realizar leilões da moeda americana da ordem de US$ 100 milhões.

Os títulos da dívida e de ações de empresas argentinas sofrem no momento um histórico baque, na faixa de dois dígitos. O peso chegou a desvalorizar 30% apenas no dia de hoje. A dúvida que permanece no ar: conseguirá Macri reagir a tempo de ganhar o jogo? Qual a perspectiva do povo argentino perceber a ameaça que ronda seu país com um retrocesso político dessa natureza? O Continente sofre por tabela com o desatino do vizinho e está às portas de uma nova crise caso a eleição de Fernández se confirme. O presidente Bolsonaro já prevê uma revoada de argentinos para cá, tal qual ocorreu com a Venezuela. É esperar para ver.


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