Quem acompanha a trajetória recente do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, já sabe que o bolsonarista vai ser uma pedra no sapato do presidente da República. Embora tenha se apresentado em vários momentos como um fiel escudeiro de Bolsonaro, Weintraub tem ambições maiores na política. Alguns quadros da extrema direita dizem que ele seria uma versão mais sectária do mandatário e, portanto, o melhor nome para disputar a Presidência. O ex-ministro traz consigo a intransigência tão aplaudida pelos fanáticos da direita.

Por enquanto, ao que parece, o voo tem menor escala. Weintraub voltou ao Brasil e está percorrendo cidades de São Paulo, em uma articulação para disputar o governo do Estado. Já abriu caminho dentro do PTB, que deverá ser um dos partidos do palanque do ex-capitão na campanha presidencial. O problema é que existe um choque de interesses. O Planalto já negociou dentro do Centrão o apoio ao ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para disputar o governo paulista. Freitas é menos polêmico e abriria um debate mais sólido para as pretensões de Bolsonaro. Também haveria o confronto entre dois ministros que participaram do atual mandato que dividiria votos no estado. Os motivos para que Weintraub desista são muitos, mas ninguém dúvida que ele não fará qualquer concessão. Extremista e rebelde vai dar trabalho para o mandatário.

Agraciado com o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial em Washington, Weintraub tem um salário anual em cerca de R$ 1,3 milhão. O valor que o presidente da República recebe é bem menor, cerca de R$ 370 mil por ano. Ainda assim, o diretor-geral do Banco Mundial está decidido a disputar um cargo eletivo, abrindo mão das benesses nos EUA.

Para se diferenciar de qualquer outro candidato da direita, Weintraub tem criticado a aliança atual do Planalto com os partidos da base eleitoral do governo. Ele afirma que a ala ideológica foi substituída pela “turma” do Centrão. Bolsonaro, já comenta que não está satisfeito com os comentários do ex-ministro e já sinalizou que é bem provável que não o indicará mais para a vaga no Banco Mundial. O rebelde ex-ministro pode afundar mais rápido o barco do presidente.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias