Numa postura flagrantemente antidemocrática, o PT ameaça se recusar a ser submetido ao escrutínio popular em 2018. O anúncio, sem sequer corar a face, coube a presidente da legenda e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR): “Estamos denunciando que o impedimento de Lula seria uma fraude nas eleições. Vamos caminhar para o boicote se ele for impedido de ser candidato”. Gleisi não está só nesse haraquiri petista. O ex-secretário de comunicação da agremiação e deputado estadual paulista José Américo entoa o mesmo discurso que não coaduna com os princípios erguidos pela legenda em sua fundação: “A primeira hipótese é apelar ao STF (para Lula concorrer mesmo condenado em segunda instância). A segunda hipótese é de se boicotar as eleições. E aí vai ser uma convulsão social, um risco de guerra civil no País”.

Essa não é a primeira vez, no entanto, que o PT rema contra a maré da opinião pública, que espera as eleições de 2018 para derrotar os corruptos nas urnas, entre os quais Lula. Recentemente, os petistas votaram contra a PEC do teto dos gastos. Depois disseram “não” para a imperativa Reforma Trabalhista, ignorando a população de desempregados que chega a 14 milhões. Mas perdeu feio em ambas as disputas. Das três reformas, apenas as mudanças nas regras das aposentadorias ainda não há previsão de serem votadas no plenário da Câmara.

A agonia do PT se justifica: Lula virou heptaréu e a cúpula da legenda enfrenta as barras da Justiça

Mas andar na contramão não é incomum na história da sigla. Ela sabotou importantes projetos nacionais. Alguns casos ilustram essa conduta esquizofrênica. Em 1988, integrantes da sigla votaram contra a Constituição democrática, que foi escrita para colocar um fim ao ciclo de 21 anos de ditadura militar. Em 1992, o partido ficou de fora da aliança construída em torno de Itamar Franco, que assumiu para acabar com os desmandos do governo Collor. E, pior, em 94 sabotou o Plano Real, conjunto de medidas que acabou com a inflação e proporcionou a estabilidade econômica do País. Em 2000, a bancada no Congresso se opôs à Lei de Responsabilidade Fiscal.

A agonia de Gleisi se justifica. Recentemente, o ex-procurador Rodrigo Janot denunciou ao STF, por crime de organização criminosa, o quadrilhão do PT. Na relação estavam os principais quadros, como os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, além dela própria e de seu marido Paulo Bernardo. A situação mais complicada é de Lula, que também enfrenta outras oito denúncias. Esta semana, o juiz Wallisney de Oliveira, de Brasília, aceitou denúncia feita pelo MPF contra Lula no caso Zelotes. O ex-presidente é acusado de ter vendido, por R$ 6 milhões, uma Medida Provisória para favorecer a indústria automobilística. Ele virou heptaréu, um recorde negativo.

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