Houve um tempo em que eu era literalmente viciado em Bis. Começou com uma unidade, depois cinco, daí uma fileira inteira e finalmente a caixa toda. Hoje é fácil, porque diminuíram tanto cada um, que 20 unidades não dão nem para o começo.

Soube agora que o biscoito/waffer/chocolate – a depender do momento e da classificação fiscal – não passa por seus melhores dias. Parece que a Lacta (ainda é ela a fabricante?) contratou o youtuber Felipe Neto para uma campanha, ou algo assim.

O que seria para lá de trivial, contudo, tornou-se mais guerra entre bolsominions e petralhas, daquelas dignas de quinta-série repetente, de tão infantil. Mas esperar o que de gente que se digladia por político e vive para babar os ovos de páscoa destes?

Os ultra-ortodoxos de direita tipo Bia Kicis e Carla Zambeli (a pistoleira de Moema), iniciaram uma campanha de boicote ao Bis. Isso mesmo!. Nos moldes das campanhas do BDS (Boycott, Divestment, Sanctions) contra Israel e em favor do Hamas.

Aliás, essa gente é mesmo estranha. Pregam a aniquilação da esquerda, a separação do nordeste, a exclusão social de homossexuais, perseguem pretos pelas ruas de São Paulo com arma em punho etc., mas criminalizam os palestinos, vejam só.

Daí, contra-atacando – em estilo briga de estilingue e mamona -, os ultra-ortodoxos de esquerda como Randolfe Rodrigues e Humberto Costa incentivam o consumo do doce sem medo de ser feliz. Alerta: cárie, obesidade e bancarrota podem ocorrer.

Fico aqui pensando, cá com meus botões: quando foi que o Brasil resolveu entregar seu destino a este tipo de político? Quando foi que, como sociedade, abandonamos o mínimo de critério e elegemos Felipe Neto o mais influente do Brasil?

Enquanto as extremas esquerda e direita duelam pelo Bis, ou pelo não-Bis, agradeço a Deus por não rezar nem pela cartilha de um nem pela cartilha de outro, e muito menos ter visto um mísero vídeo de Felipe Neto. Meu único pecado nessa parada toda é o chocolate.

Aliás, era. Meu vício por Bis terminou há algum tempo, e não porque me eduquei, alimentarmente falando, pois continuo um consumidor voraz de porcarias. Apenas troquei o pobre coitado por paçoca. E querem saber? É bem melhor, além de mais barato. Au revoir les enfants.